A BR-319 e a tentativa de isolar o Norte do Brasil

A BR-319 é tida como uma das mais importantes vias de acesso da Região Norte do Brasil. Ela responsável por interligar Porto Velho (RO) à Manaus (AM).

Após 1973, a rodovia passou a ser de grande importância para a integração nacional, beneficiando o polo industrial de Manaus, criando novas linhas de ônibus que iam além da Região Norte como São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Cuiabá e Belo Horizonte, bem como o transporte de carga.

Os motivos da deterioração asfáltica na região se deu pelo excesso de cargas ao longo do trajeto — crise econômica no fim da década de 70 e a intensa pluviosidade da região.

Além desses aspectos, diversos programas buscaram uma solução para a recuperação na região, mas todos frustrados. Alguns deles são:

– Acelera Brasil

– PAC 1

– PAC 2

– Brasil de Todos

A ausência de políticas públicas para a infraestrutura local trouxe consigo diversos problemas como o encarecimento de alimentos, mortes ao longo da estrada e perda de carga por assaltos, etc.

Durante as últimas semanas foram observadas diversas notícias relacionadas a falta de medicamentos e oxigênio para o combate da pandemia do novo coronavírus no estado do Amazonas. No entanto, uma das principais rotas de acesso (se não a principal) a Manaus não pode receber um novo pavimento devido as intervenções do Ministério Público Federal e outros órgãos. Tal intervenção faria reduzir o tempo de viagem para a chegada destes insumos beneficiando milhares de pessoas.

Um dos grandes argumentos para que não haja uma nova pavimentação é o risco de sobrevivência a dezenas de comunidades indígenas, assim como já foi registrado pelo Portal ‘OECO’.

Entretanto, é preciso entender que essas comunidades indígenas não vivem mais isoladas e dependem muito da produção agrícola nacional. Além disso, o escoamento de produtos de tecnologia e alimentos beneficiariam diretamente os povos indígenas e os centros urbanos da Região Norte.

A cientista política Bertha Becker afirmou, em entrevista a revista eletrônica da FAPESP, que a integração dos povos do Norte não podem se limitar as ocupações familiares. Ainda segundo ela, o isolamento da Amazônia não vai resolver o problema ambiental.

“Tem que fazer área protegida, mas quando protege se retiram grandes porções de território do circuito produtivo. Não sou contra as unidades de conservação, só não quero que fique tudo só preservado. Porque, se não usar a terra para produzir, vai fazer o quê? Temos de respeitar a natureza, mas também usar o patrimônio e a terra. Temos de usar de modo que não seja destrutivo, mas temos que usar”, pontuou Becker.

Vale ressaltar que a cientista política escreveu o livro “Geopolítica da Amazônia”. A obra critica as políticas adotadas pelo regime militar durante o anos que os mesmos estiveram no poder. Ao ser questionada pela FAPESP, ela fala que a Amazônia carece de programas grandes, necessitando de programas de recuperação da BR-319.

A luta por uma nova BR-319 é de extrema importância não apenas para os manauaras, mas para o Brasil inteiro como uma forma de reforçar a soberania nacional na Amazônia Legal brasileira.

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