Você sabia que muro que Donald Trump disse que iria construir na fronteira do Mexico com os EUA ja existe desde 1994?

A fronteira que separa o México dos Estados Unidos é conhecida pela grande presença de grupos migratórios ilegais – a maioria formada por mexicanos –, que se deslocam em direção ao norte em busca de melhores condições de vida.

Por esse motivo, os EUA resolveram construir, a partir de 1994, um muro entre os dois países e dificultar o processo de entrada de imigrantes oriundos do sul no país. Essa construção é popularmente conhecida como Muro do México ou Muro México/EUA.

A construção do muro do México por parte dos Estados Unidos representa, em termos, uma contradição. Isso porque o início de sua construção ocorreu no mesmo ano da consolidação do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), um bloco econômico que, apesar de ser meramente comercial, teria a função de propiciar uma maior integração entre os países-membros que, além dos dois países citados, também engloba o Canadá ao norte (sem muros, nesse último caso).

Atualmente a extensão do muro entre México e Estados Unidos é de aproximadamente 1.130 quilômetros, cerca de um terço da fronteira entre os países. Em alguns pontos, ele é uma “parede” simples, de altura não muito elevada e com algumas proteções em seu topo.

Em outros lugares, no entanto, ele é composto por dois muros e um espaço entre eles por onde passam veículos militares e de fiscalização, além de contarem também com algumas torres de observação e militares preparados para, quem sabe, abater os eventuais invasores.

Estima-se que, desde a sua construção, milhares de imigrantes ilegais foram barrados tentando, de uma forma ou de outra, ultrapassar os limites impostos pela barreira construída.

Estima-se também que outros milhares conseguiram burlar os limites e as restrições, conseguindo chegar ao seu destino: as terras estadunidenses.

Um outro dado diz que 5,6 mil imigrantes ilegais morreram tentando ultrapassar a fronteira, não necessariamente no muro construído, sendo muitas dessas mortes nas áreas desérticas que se encontram entre os dois países.

Muitas críticas são realizadas ao Muro do México, que é inevitavelmente comparado com outros muros que dividem ou dividiram o mundo, como o Muro de Israel e o antigo Muro de Berlim.

Muitas análises afirmam que ele divide muito mais do que dois países, mas dois “mundos” diferentes: um moderno e desenvolvido (mas com problemas na geração de empregos) e outro atrasado e subdesenvolvido, apesar das melhorias econômicas e sociais das últimas décadas.

Outra crítica apontada sobre a construção desse muro é o caráter dual por parte do governo dos Estados Unidos, que sempre barrou a entrada da população mexicana, mas que não se deteve em enviar para o país, sobretudo nas regiões de fronteira, várias empresas e indústrias multinacionais, que empregam a população local sob baixos salários e condições precárias de trabalho.

Nesse contexto, várias cidades surgiram nessas regiões, marcadas pela urbanização acelerada, a marginalização social, o intenso tráfico de drogas e todas as contradições sociais de lugares marcados pela concentração de renda e o desvio de interesses. Entre essas cidades, os exemplos mais evidentes são Tijuana (ver foto abaixo) e Juarez.

Imagem da cidade de Tijuana, na fronteira com San Diego, cidade do estado da Califórnia
Imagem da cidade de Tijuana, na fronteira com San Diego, cidade do estado da Califórnia

Em alguns pontos, o muro separa cidades e aglomerações urbanas historicamente construídas naquela região. Há vários relatos de famílias e parentes que se viram divididos pelo muro, sem poderem obter contatos constantes após a sua construção.

Para aumentar o número de críticas e reclamações, somam-se os grupos ambientalistas que acusam a fronteira de separar animais de suas fontes de alimento ou de suas áreas de reprodução, causando a diminuição ou até a extinção de determinadas espécies.

Embora tais críticas aconteçam desde o início da construção do Muro do México, o governo norte-americano jamais cedeu a qualquer tipo de pressão. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, inclusive, o então presidente George W. Bush intensificou a fiscalização do muro e da fronteira, fato continuado por seu sucessor, Barack Obama, que dobrou o número de funcionários para a vigilância e expandiu algumas partes do muro, reformando outras.

Podemos dizer que, em termos gerais, a construção do Muro entre México e EUA é um dos grandes marcos das relações políticas, econômicas e diplomáticas entre os países do chamado “Norte desenvolvido” com o “Sul subdesenvolvido”, demarcando mais do que simplesmente fronteiras políticas.

Por Me. Rodolfo Alves Pena

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