Desde que as pesquisas apontaram uma queda vertiginosa em sua popularidade, colocando-o no topo do ranking dos prefeitos de capitais com pior avaliação do país, o alcaide paulistano, Fernando Haddad, iniciou uma ofensiva para tentar mostrar o lado “moderno” de sua administração.
A realidade, porém, é bem diferente da fantasia criada pelos marqueteiros de Haddad e do PT, empenhados em abrir uma trincheira na cidade que jogou o partido na lona nas eleições de 2014. Para quem não se lembra, a votação de Dilma na capital paulista não passou de 26% dos votos no primeiro turno, a pior do PT desde 1994, e a de Alexandre Padilha, o candidato petista ao governo do estado, foi ainda menor – apenas 18% dos votos.
Não é preciso ser cientista político, nem Ph.D. em urbanismo, para entender o tombo de Haddad nas pesquisas. Basta andar pela cidade para saber por que o seu índice de rejeição é tão alto. Ao contrário do que ele diz, sua baixa popularidade tem pouca ou nenhuma relação com o Petrolão e outros escândalos de corrupção que abalam a República. Tem a ver principalmente com as ações populistas que Haddad tomou desde que assumiu o poder, no início de 2013.
Diante de seus feitos em pouco mais de dois anos de governo, Haddad se habilita, desde já, a conquistar um lugar privilegiado na galeria dos piores prefeitos de São Paulo em todos os tempos. Se chegar lá, como tudo leva a crer até agora, ele deverá se unir no pódio a Luíza Erundina, que governou a cidade de 1989 a 1992, quando ainda estava no PT, e ao malufista Celso Pitta, que a sucedeu, dois ícones da má gestão na cidade.
Abaixo, você pode conferir sete barbaridades cometidas por Haddad à frente da prefeitura de São Paulo, que jamais serão esquecidas pela população.
1. A criação das piores ciclovias do mundo
Obviamente, ninguém é contra as ciclovias por princípio. O que muita gente contesta são as ciclovias que Haddad está implantando na cidade. Consideradas como uma vitrine de sua administração, por mais absurdo que isso possa parecer, as ciclovias de Haddad nem mereceriam ser chamadas como tais, de tão ruins que são, de tão improvisadas que são. Elas não passam de faixas vermelhas pintadas a esmo no asfalto – não por acaso, ele recebeu a alcunha de “prefeito Suvinil”.
Implantadas sem qualquer critério técnico, sem proteção para o ciclista e sem tratamento adequado para o piso, as “ciclovias” paulistanas espalham-se por bairros estritamente residenciais e vias de tráfego reduzido, que não precisariam ter espaço reservado para bicicletas, porque elas não têm de disputá-lo com carros e ônibus. Haddad ainda combinou faixas para as ciclovias com faixas exclusivas para ônibus em vias superestreitas, que não comportariam nem uma coisa, nem outra. Até em pistas de mão dupla, com espaço para apenas um carro em cada sentido e nas quais também circulam coletivos, ele implantou as tais ciclovias.
Ao contrário do que aconteceu em Nova York, onde as ciclovias merecem o nome que têm e foram discutidas longamente com associações de moradores e ciclistas, em São Paulo tudo foi decidido da noite para o dia nos gabinetes da prefeitura, por orientação dos marqueteiros, interessados em criar uma marca para a sua administração. Mais que a qualidade da obra, o que parece importar mesmo para Haddad é o volume. É poder dizer na propaganda oficial que São Paulo já fez “X” quilômetros de ciclovias – e, neste quesito, temos de reconhecer, ele leva a taça.
2. A implantação de faixas exclusivas de ônibus fora dos grandes corredores de tráfego
Haddad subverteu a boa gestão urbana ao promover a proliferação indiscriminada de faixas exclusivas para ônibus. Como no caso das ciclovias, sem critérios técnicos para justificá-las. Em vez de se preocupar em isolar a circulação dos coletivos nas grandes vias, com obras de qualidade, como ocorreu nos corredores 9 de Julho/Santo Amaro e Rebouças/Consolação, ele implantou vias exclusivas para ônibus em ruas estreitas, que não têm condições de abrigá-las. Algumas faixas de ônibus ora estão do lado direito, ora do lado esquerdo, obrigando os coletivos a atravessar em diagonal a pista, complicando ainda mais o caótico trânsito da cidade. Muita gente venera os engenheiros de tráfego da CET paulistana, mas o traçado das pistas exclusivas de ônibus e outras soluções estapafúrdias de trânsito, como nos casos em que uma rua vira contramão de repente, não reforçam a fama.
3. A invasão recorde de terrenos municipais
É provável que, em nenhuma outra gestão, a prefeitura paulistana tenha sido tão conivente com a invasão de terrenos públicos por grupos organizados, como o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Segundo levantamento publicado pelos jornais, os ativistas ocupam hoje 16 terrenos municipais, a maioria dos quais reservada para praças e jardins, mas também áreas de mananciais e preservação ambiental, sem que a prefeitura tome qualquer providência para realizar a reintegração de posse.
Em vez de preservar a propriedade pública, Haddad mantém com o MTST e outras organizações do gênero, que ocupam de forma ilegal os terrenos, uma relação de incômoda promiscuidade. Para aprovar o novo Plano Diretor da cidade, que promoveu modificações na legislação defendidas pelos ativistas, Haddad sugeriu que eles fossem em massa à Câmara Municipal para pressionar os vereadores. Eles não só seguiram a recomendação de Haddad como incendiaram o Centro de São Paulo e criaram barricadas para se defender das forças de segurança. Quando o MTST invadiu um terreno privado em Itaquera, na zona leste da cidade, Haddad convenceu Dilma a gastar R$ 30 milhões para comprar a área e repassá-la aos invasores. Ele também reservou aos grupos de ativistas, em especial aos que atuam como braço do PT, uma parcela considerável do dinheiro da prefeitura para habitações populares. Em vez de entrar na fila como todo mundo, os militantes de carteirinha dessas organizações podem escolher os beneficiários que terão acesso ao programa de casa própria municipal.
4. O abandono das ações para recolhimento de mendigos, sem-teto e “nóias” das ruas
Desde a gestão de Luíza Erundina na prefeitura de São Paulo, no final dos anos 1980, São Paulo não tinha tantos mendigos e sem-teto improvisando moradias e criando novas favelas em áreas públicas, em especial em praças e embaixo de viadutos. Das marginais dos rios Pinheiros e Tietê, que são artérias vitais para o deslocamento da população, ao Minhocão, na região central, e à avenida dos Bandeirantes, o principal acesso à rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo à Baixada Santista, não há um ponto da cidade em que não tenham surgido barracos e acampamentos nos últimos anos. Na ponte do Jaguaré, na zona oeste, eles chegaram a instalar uma corda para descer para suas “moradias”, localizadas embaixo do viaduto.
Hoje, fora o problema dos sem-teto, há ainda a proliferação dos “nóias”, como são chamados os viciados em crack, praticamente inexistentes na época de Erundina. Eles se espalharam pela cidade e costumam se reunir até em túneis para fumar a “pipa”, sem qualquer ação da prefeitura. Em vez de oferecer um tratamento adequado aos viciados, Haddad criou um programa, que fracassou antes de decolar, para oferecer empregos a eles, mostrando total desconhecimento do vício e do tratamento que eles deveriam receber.
5. A suspensão do Controlar e a ocupação de áreas de mananciais
Em cumprimento a uma promessa de campanha, Haddad acabou com o Controlar, o programa que obrigava os veículos emplacados na cidade, inclusive motos, ônibus e caminhões, os maiores vilões, a passar por uma verificação de emissão de poluentes. No lugar do Controlar, que custava apenas R$ 50 por ano e tinha uma tecnologia exemplar para agendamento de vistorias pela internet, Haddad até agora não adotou nenhum outro programa, decorrida a metade de sua gestão. Resultado: a emissão de monóxido de carbono em São Paulo, que havia caído quase 50% em 2011, segundo dados oficiais, voltou a subir em escala geométrica. Além disso, Haddad faz vistas grossas à ocupação descarada de áreas de mananciais por grupos organizados, como o MTST, em especial na região da represa de Guarapiranga, na zona sul, uma das últimas do gênero na cidade. Numa era em que o mundo elegeu a preservação do meio ambiente como uma de suas prioridades, Haddad bota pilha nas ocupações ilegais feitas por grupos simpáticos ao PT, como o próprio MTST, que apoiaram a sua candidatura à prefeitura e a de Dilma à presidência.
6. A desvalorização do patrimônio histórico
Numa demonstração do apreço que tem pelo patrimônio histórico da cidade, Haddad autorizou a realização de grafites nos arcos da avenida 23 de maio, que liga a zona sul à zona norte. Chamados por ele de “muro de arrimo”, os arcos foram restaurados pelo ex-prefeito Jânio Quadros, final dos anos 1980. A relevância histórica dos arcos havia sido reconhecida pelo Conpresp, o órgão municipal de proteção ao patrimônio, em 2002. De acordo com a legislação, a obra deveria ser “integralmente preservada”, mas Haddad patrocinou a sua mudança, ao estimular o Conpresp a rever a decisão anterior, no final do ano passado. Em lugar da beleza original dos arcos, São Paulo tem agora uma série de grafites de gosto discutível, que Haddad considera como uma “manifestação de arte popular”, incluindo um retrato do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o “pai” do bolivarianismo contemporâneo.
7. A deterioração da Vila Madalena
Como se tudo isso não bastasse, Haddad ainda conseguiu detonar a Vila Madalena, que, por seu charme e pela agitação noturna, já foi tema de novela da Globo. Um dos endereços preferidos dos notívagos paulistanos e um dos bairros mais valorizados da cidade, a Vila Madalena transformou-se em palco de comemorações da Copa do Mundo na cidade e de desfile de blocos de Carnaval por iniciativa da prefeitura. A “invasão” de visitantes está assustando moradores e frequentadores tradicionais dos bares, restaurantes, galerias e casas noturnas da Vila Madalena. Alguns moradores, cujos quintais e varandas foram transformados em latrina a céu aberto, já se preparam, de acordo com informações publicadas nos jornais, para deixar a Vila. Muitos imóveis foram até depredados em meio ao ziriguidum patrocinado por Haddad. Isso sem falar no barulho produzido pelos “bárbaros” até o amanhecer. Se os comerciantes da Vila nunca foram exemplos de respeito ao Psiu, o programa de controle de barulho da cidade, agora o problema se potencializou como nunca antes se havia visto no bairro.