O grupo Estado Islâmico (EI) perdeu em três anos 60% do território que havia conquistado e 80% de sua receita, de acordo com um estudo do escritório de análise IHS Markit divulgado nesta quinta-feira (29).
O território do “califado” autoproclamado em junho de 2014 em áreas no Iraque e na Síria passou de 90.000 km2 em janeiro de 2015 para 36.200 km2 em junho de 2017, aponta a empresa com sede em Londres.
Uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos realiza ataques aéreos diários contra os extremistas islâmicos desde o verão (no hemisfério norte) de 2014.
No terreno, a batalha no Iraque é conduzida pelo exército nacional, enquanto na Síria o EI é combatido principalmente pelas Forças Democráticas Síria (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes. Nas duas frentes, as forças anti-jihadistas recebem o apoio da coalizão internacional.
“A ascensão e queda do EI se caracteriza por uma rápida expansão seguida por um declínio constante. Três anos após a sua proclamação, é evidente que o projeto de governança do califado fracassou”, observa Columb Strack, um especialista em Oriente Médio do IHS Markit.
“O resto do ‘califado’ deve desintegrar-se antes do final do ano e o seu projeto será reduzido a uma série de áreas urbanas isoladas que deverão ser reconquistadas ao longo do ano de 2018”, acrescenta.
Além disso, as finanças do EI também entraram em colapso.
A renda mensal do grupo terrorista passou de 81 milhões de dólares no segundo trimestre de 2015 para 16 milhões de dólares no segundo semestre de 2017, um decréscimo de 80%.
“Isso se explica pelo declínio contínuo de todas as suas fontes de financiamento – seja a produção de petróleo, a arrecadação de impostos e confiscos e outras atividades ilegais”, nota outro especialista do IHS, Ludovico Carlino.
Assim, o rendimento gerado pelo petróleo caiu 88% e os impostos e confiscos em 79% entre 2015 e 2017.
Para o especialista, a “perda de territórios é o principal fator que explica a perda de recursos”.
“A perda do controle de cidades densamente povoadas como Mossul no Iraque e das zonas petrolíferas nas províncias de Raqa e Homs na Síria teve um impacto significativo sobre a capacidade do grupo de gerar receita”, explica.
Em Mossul, o grupo extremista sunita controla apenas uma pequena parte da Cidade Antiga, mas as ruas estreitas e a presença de muitos civis fazem o avanço das forças iraquianas extremamente complicado, enquanto os combatentes do EI resistem fortemente.
Na vizinha Síria, as FDS conquistaram um quarto da cidade de Raqa, a capital de fato do EI em território sírio. Na quarta-feira, a ONU estimou que cerca de 100.000 civis ainda estavam “presos” na cidade.