EUA elegem número recorde de mulheres ao Congresso, 22% das cadeiras

Os Estados Unidos elegeram, nesta terça-feira (7), 95 mulheres para a Câmara dos Representantes e pelo menos 13 para o Senado, o que leva a representatividade feminina ao recorde de 22% das cadeiras no Congresso, um aumento de 2% em relação à presença atual, segundo as últimas apurações.

As mulheres desempenharam um papel fundamental na vitória dos democratas na Câmara, que no momento é dominada pelos republicanos e, a partir de janeiro, passará a ter maioria progressista. Essa mudança funcionará como um freio às iniciativas do presidente Donald Trump.

Com a apuração ainda em andamento, as mulheres conseguiram 95 das 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, uma marca que supera o recorde de 85 parlamentares, estabelecido em 2004.

No Senado, onde os republicanos mantiveram e ainda ampliaram a maioria, 13 mulheres triunfaram nas eleições e se juntarão às outras dez senadoras que não precisaram concorrer, já que apenas um terço do Senado é renovado a cada dois anos.

No total, 118 mulheres vão compor o Congresso norte-americano a partir de 2019; 11 a mais se comparado às 107 congressistas atuais.

“Estas eleições foram uma vitória para as mulheres de todo o país e, na realidade, para todos os americanos”, afirmou em entrevista coletiva Deirdre Schifeling da organização Planned Parenthood, o maior grupo de planejamento familiar dos EUA.

Trump eleito

Os resultados, segundo Deirdre Schifeling, são frutos de dois anos de frustração e ativismo de mulheres horrorizadas com a eleição de Trump, em 2016.

A chegada do magnata à Casa Branca, há dois anos, fez com que milhares de pessoas com gorros em tons de rosa fossem às ruas de cidades como Washington, Los Angeles e Nova York para a Marcha das Mulheres, um despertar político que voltou a ressoar com o movimento MeToo (Eu também), que protesta contra os abusos sexuais.

Como resultado, um número recorde de mulheres recorreu a grupos como Emily’s List para receber capacitação e se candidatar às eleições com o objetivo de defender alguns dos ideais mais progressistas, como o acesso à saúde, restrições à posse de armas e proteção do meio ambiente.

Agora, com uma maioria democrata na Câmara dos Representantes, as mulheres ganham poder institucional, começando por Nancy Pelosi, que foi a única representante política a presidir essa instância e espera repetir o feito em janeiro, quando os novos eleitos tomarão posse.

Além disso, outras mulheres presidirão comitês importantes, como Nita Lowey, de Nova York, que comandará a comissão que decide sobre o orçamento federal.

Minorias

O pleito também foi marcado por façanhas históricas no Partido Democrata: Ayanna Pressley se tornou a primeira mulher negra a representar Massachusetts; Deb Haaland passou a ser a primeira nativa americana no Congresso; Ilhan Omar, de Minnesota, e Rashida Tlaib, de Michigan, são as primeiras muçulmanas.

“O nosso país está elegendo a esperança acima do medo e a união contra a divisão”, afirmou Omar na noite de terça-feira.

O perfil de mulheres que concorreram às eleições foi mais diverso do que nunca, já que um terço das eleitas para a Câmara dos Representantes pertencia a alguma minoria racial, inclusive a latina Alexandria Ocasio-Cortez, que se tornou a congressista mais jovem da história, aos 29 anos.

Nove mulheres – seis democratas e três republicanas – foram eleitas governadoras, o que representa um aumento em relação às seis governadoras atuais. No entanto, ainda resta muito caminho a percorrer, já que 22 dos 50 estados americanos nunca tiveram uma governadora.

A alta de 20% para 22% de mulheres no Congresso dos EUA marca um recorde, mas é significativamente inferior à proporção de outros países, como a Espanha, onde as mulheres são 42%; França, 39%; Alemanha, 31%; e Canadá, 26%.

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