Gleisi Hoffmann vai para a Venezuela

A presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada federal eleita Gleisi Hoffmann, anunciou que estará presente na posse do presidente venezuelano Nicolás Maduro nesta quinta-feira (10) em Caracas.

O mandato é questionado por boa parte da comunidade internacional – incluindo o governo atual brasileiro que, junto de mais 12 países da região, firmaram um documento em que pedem que Maduro não assuma o mandato.

“O Partido dos Trabalhadores (PT) rechaça o intervencionismo e a posição agressiva do atual governo brasileiro contra o país”, diz uma nota publicada no site do partido na tarde da quarta-feira e assinada por Gleisi.

A nota postula vários argumentos para o comparecimento da presidente do partido na posse de Maduro, tal como a discordância do PT em relação às sanções impostas à Venezuela por parte dos Estados Unidos.

“Para deixar claro que não concordamos com a política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários. Bloqueios, sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo venezuelano a sofrimentos brutais.”, diz um dos tópicos do texto explicando o porquê da presença do PT na posse.

O partido ainda reitera que reconhece a eleição de Maduro por meio do voto popular. O pleito foi contestado pela comunidade internacional, pela oposição venezuelana e por parte da população do país, que não veem legitimidade na reeleição de Maduro.

Além de Hoffmann, chefes de Estado e representantes de países estarão presentes na posse do presidente venezuelano. Entre eles o mandatário boliviano, Evo Morales, que também compareceu à posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Além de Morales, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, e Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, estarão na posse. O ministro da Agricultura da China, Han Changfu, e o vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, representarão seus países.

Entenda as controvérsias em relação à posse de Maduro

Maduro destituiu o Parlamento de maioria opositora eleito em 2015 (mas que nunca conseguiu efetivamente legislar) e convocou uma Assembleia Constituinte.

Com maioria chavista, a Constituinte adiantou as eleições presidenciais, realizadas em maio. Maduro foi reeleito para um novo mandato de seis anos, e o chavismo, que controla o país desde 1999, ganhou sobrevida.

Ele saiu vitorioso nas urnas em um pleito em que as muitas lideranças da oposição foram impedidas de concorrer –os que não estão presos ou exilados foram proibidos de disputar qualquer cargo. Segundo os números oficiais, Maduro teve 67,8% dos votos, contra 20,93% do opositor Henri Falcón.

Mas, dos 20,5 milhões de eleitores registrados para votar em maio do ano passado, 54% não compareceram –o maior índice de abstenção na história eleitoral da Venezuela. Observadores internacionais independentes foram vetados de participar das apurações.

É por causa de todas estas manobras que a comunidade internacional considera que o mandato que Maduro assume nesta quinta é ilegítimo. O Grupo de Lima, que reúne países do continente americano, afirmou que não reconhecerá o mandato do venezuelano.

Fazem parte desse bloco Brasil, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia –o México é integrante, mas não assinou o documento que considera ilegítimo o mandato de Maduro, mantendo-se neutro. A União Europeia e os EUA também defendem a realização de novas eleições no país, de modo democrático.

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