A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, pediu providências de órgãos de controle acerca das palestras de R$ 35 mil cobradas pelo procurador da lava jato Deltan Dallagnol.
“CNMP, PGR, que providências vão tomar a respeito?! É uma agressão ao povo trabalhador brasileiro, ao povo pobre que sofre com desemprego, com a crise. Funcionário de alto escalão, cheio de regalias, usa o cargo público para se promover e ganhar dinheiro”, exigiu a petista dirigindo-se ao Conselho Nacional do Ministério Público e à Procuradoria-Geral da República.
A jornalista Mônica Bergamo, da Folha, revelou hoje (21) que o procurador da lava jato cobra cachê de R$ 35 mil por palestra, ”além de passagem aérea, estadia, alimentação e extras —para ele e um acompanhante”, registrou.
Em julho do ano passado, Gleisi já havia colocado a lupa sobre as palestras de Dallagnol. Na época, ela destacou que o chefe da lava jato arrecadou R$ 219 mil apenas no ano de 2016, com 12 palestras feitas para falar da corrupção e da operação. “Os valores percebidos neste ano de 2017 não foram informados”, observou, em artigo assinado conjuntamente com a consultora jurídica da bancada do partido no Senado, Tânia Oliveira.
O salário mensal de um procurador da República oscila entre R$ 28 mil e R$ 33 mil. Neste mês de agosto, o Ministério Público Federal decidiu aumentar em 16,38% os vencimentos dos procuradores — após o Supremo aumentar os salários dos ministros da corte.
Lula realizou 30 palestras para empresas investigadas na Lava Jato ao custo de R$ 11,8 milhões.
Instituto Lula divulgou todas as palestras do ex-presidente, ao custo de US$ 200 mil cada.
Usando informações do MPF, Moro alegou à época que “a LILS Palestras, Eventos e Publicações Ltda. recebeu pagamentos de cerca de R$ 21.080.216,67 entre 2011 e 2014, sendo que R$ 9.920.898,56 foram provenientes das empresas Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, UTC e Queiroz Galvão”. Esses valores, portanto, estão dentro da informação declarada hoje pelo Instituto Lula.
Mas o MPF e Moro questionavam também “as doações de cerca de R$ 34.940.522,15 entre 2011 e 2014”, ao Instituto Lula, “sendo que R$ 20.740.000,00 foram provenientes das empresas Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão”.
Palestras pagas por empresas investigadas na Lava Jato
Andrade Gutierrez (5)
– 24/02/2011: 200 mil dólares = R$ 332 mil
– 23/11/2012: 200 mil dólares = R$ 416 mil
– 09/12/2012: 200 mil dólares = R$ 418 mil
– 18/03/2013: 200 mil dólares = R$ 396 mil
– 24/04/2014: 200 mil dólares = R$ 442 mil
UTC (1)
– 20/12/2012: 200 mil dólares = R$ 412 mil
Odebrecht (8)
– 02/06/2011: 200 mil dólares = R$ 314 mil
– 01/07/2011 (em parceria com centro de Estudos Estratégicos de Angola): 200 mil dólares = R$ 310 mil
– 01/02/2013: 200 mil dólares = R$ 396 mil
– 05/06/2013: 200 mil dólares = R$ 424 mil
– 15/10/2013: 200 mil dólares = R$ 434 mil
– 22/10/2013: 200 mil dólares = R$ 434 mil
– 26/02/2014: 200 mil dólares = R$ 470 mil
– 07/05/2014: 200 mil dólares = R$ 442 mil
OAS (5)
– 30/08/2011: 200 mil dólares = R$ 318 mil
– 31/08/2011: 200 mil dólares = R$ 318 mil
– 07/06/2013: 200 mil dólares = R$ 426 mil
– 28/11/2013: 200 mil dólares = R$ 462 mil
– 18/02/2014 (em parceria com GDF Suez Energy Latin America Participações Ltda): 200 mil dólares = R$ 478 mil
Queiroz Galvão (3)
– 31/08/2011: 200 mil dólares = R$ 318 mil
– 14/03/2013: 200 mil dólares = R$ 394 mil
– 15/03/2013: 200 mil dólares = R$ 394 mil
Camargo Correa (5)
– 06/09/2011: 200 mil dólares = R$ 330 mil
– 14/09/2011: 200 mil dólares = R$ 342 mil
– 16/11/2012: 200 mil dólares = R$ 416 mil
– 20/11/2012: 200 mil dólares = R$ 416 mil
– 04/06/2013: 200 mil dólares = R$ 424 mil
BTG Pacutal (3)
– 06/10/2011: 200 mil dólares = R$ 356 mil
– 09/04/2013: 200 mil dólares = R$ 396 mil
– 22/04/2013: 200 mil dólares = R$ 402 mil
TOTAL: R$ 11.830.000
Não vimos até este momento Gleisi Hoffmann se manifestar a este absurdo.