Greve só será suspensa com fim de impostos sobre combustíveis e decisão deve ser publicada no Diário Oficial que pode levar 15 dias

Presidente da Abcam quer publicação da decisão no Diário Oficial para parar protestos

José da Fonseca Lopes, presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), disse que a paralisação dos caminhoneiros somente será suspensa se o Senado aprovar, ainda nesta quinta-feira, até as 14h, o projeto que elimina a cobrança de PIS/Cofins sobre o diesel até o fim do ano.

Ainda assim, a suspensão do movimento, de acordo com ele, só acontecerá após a sanção presidencial para a publicação da medida no Diário Oficial da União.

— Se na reunião de hoje, às 14h, o ministro (Eliseu) Padilha (da Casa Civil) e os ministros participantes anunciarem está aqui, o presidente assinou, aí o movimento é suspenso. Não é só do óleo diesel que tem que tirar PIS/Cofins. Tem que tirar dos combustíveis. É o que nós esperamos hoje — disse ele à CBN.

Fonseca também usou um tom crítico contra o governo:

— Lamentavelmente, chegamos ao fundo do poço. O governo vai ter que assumir essa responsabilidade agora.

Ainda de acordo com ele, a situação do abastecimento no país somente voltará ao normal em uma semana ou mais.

Aprovação no Congresso Nacional

A proposta de eliminar PIS/Cofins sobre o diesel foi aprovada na noite desta quarta-feira, pela Câmara dos Deputados. A medida — que pretende zerar o tributo sobre o preço do óleo — foi adicionada ao projeto que reonera a folha de pagamento de empresas de 28 setores. O objetivo é reduzir o custo do litro do combustível e conter a paralisação nacional, que entrou em seu quarto dia, nesta quinta-feira.

A aprovação da Câmara ocorreu logo após a Petrobras anunciar a redução de 10% no preço do diesel e o congelamento da tarifa do óleo por 15 dias. Antes, a equipe econômica já havia apresentado a proposta de zerar o imposto da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o combustível.

— A única coisa que está pegando um pouquinho é esse congelamento por 15 dias — disse Fonseca.

Além disso, a categoria quer que a Petrobras abandone a política de reajuste dos combustíveis, que resulta em aumentos quase diários. Para o sindicalista, o governo tem que achar uma forma de fazer reajustes bimestrais ou trimestrais.

— Esses reajustes têm que ser feitos, no mínimo, em 60 dias. No máximo, em 90, para a gente se programar. O caminhoneiro sai do Rio Grande do Sul, abastece e paga R$ 5. Leva dois, três para chegar. No outro dia, paga R$ 5,30. No outro, R$ 5,50. Isso não pode acontecer. Tem que haver programação para que a gente não tenha prejuízo.

Fonseca também condenou a alegação de que há influência do mercado externo na formação do preço do diesel:

— Infelizmente, o governo, via Petrobras, só está pensando nele. Nós não temos nada com isso, se o produto vai acompanhar os preços internacionais, sem tem guerra no Golfo, se presidente dos Estados Unidos brigou com a Rússia, e o produto foi para US$ 82 o barril. Até seis, sete meses atrás, não tinha nada disso. De repente, vem nessa linha. Nós não podemos aguentar uma situação dessas.

Congresso foi obrigado a ceder

Para evitar a paralisação de aeroportos e conter o desabastecimento generalizado no país, o Congresso foi obrigado a ceder com a aprovação da eliminação de PIS/Cofins sobre o diesel. Para o deputado Orlando Silva (PCdoB), o imposto representa mais de 10% do valor do combustível, e isso pode reduzir o preço final em até 14%.

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