Marcelo Vasconcelo – Consciência Negra é Luiz Gama, não Zumbi

Todo dia 20 de novembro é comemorado o dia da consciência negra, essa data foi escolhida por ser o dia em que Zumbi do Palmares morreu. Não é um feriado nacional, os municípios é que podem, através de leis municipais, instituir o feriado, pois a lei federal só cria o dia comemorativo, não cria feriado.

Desde a criação do dia da consciência negra, através da lei 12.519 de 2011, essa data é comemorada como sendo o dia da reflexão sobre o negro na sociedade. O marco desta comemoração, como acima descrito, foi o dia em que Zumbi morreu, visto como alguém que lutou contra a escravidão e como referência de resistência do povo negro, há controvérsia…

A esquerda política brasileira adora um símbolo de resistência para servir de norte, mas, não é qualquer símbolo de resistência, precisa ter um algo de diferente, algo que se identifique com suas pautas. Zumbi dos Palmares teve esse algo, seu currículo como  guerreiro negro revolucionário fez os olhinhos da esquerda se apaixonarem por ele.

Percebam que a lei que institui o dia comemorativo é de 2011, portanto, quem a sancionou foi Dilma Rousseff, a guerrilheira de outrora. Ninguém melhor pra ser um ícone revolucionário do que aquele que, paradoxalmente, tinha escravos no seu quilombo, mas é mostrado como símbolo de resistência contra a escravidão de sua época.

E antes que alguém comece com chorumelas sobre esse fato, deixo o link do professor e historiador Marco Antônio Villa, jornalista da Jovem Pan que explica com mais autoridade que eu. O que procuro mostrar é que há décadas que a desinformação, inclusive histórica, vem sendo difundida na sociedade, é o que ocorre com essa data comemorativa. Passar uma imagem de resistência à escravidão por Zumbi é uma pulha, é uma desonestidade sem tamanho.

A esquerda política sempre viu em figuras violentas suas referências de luta, é só lembrar como Che Guevara, Fidel Castro e outros tantos nos foram apresentados através de livros escolares. É só lembrarmos o que Guilherme Boulos, Manuela D’ávila, Ciro Gomes e Haddad disseram sobre o regime ditatorial de Nicolás Maduro na Venezuela, por exemplo.  Nunca vê problema naquele que pratica o terror e até assassinatos em prol da causa ideológica que prega.

Ter Zumbi como referência de luta contra a escravidão e não Luiz Gama é uma afronta ao próprio povo negro. Zumbi era um escravocrata como qualquer branco da aristocracia da época, Luiz Gama, por sua vez, foi de fato um abolicionista e atuante na luta pela libertação de escravos mesmo antes da lei Áurea. Poucas pessoas sabem quem foi esse homem negro, nascido na Bahia.

Através do seu esforço, como escrivão de polícia, conseguiu libertar mais de 500 escravos mesmo antes da abolição da escravatura, pois, conhecia as leis. Na época, como não tinha diploma de direito, era chamado de rábula, ou seja, pessoa que conhecia e atuava no direito sem diploma. Através de sua árdua atuação para fazer valer uma lei de 7 de setembro de 1831 que determinava a soltura de qualquer escravo que chegasse ao Brasil vindo da África.

Isso mesmo, o tráfico de escravos já era proibido desde 1831, mesmo que saibamos da existência da chamada lei Eusébio de Queiroz, a qual proibia o tráfico de escravos, lá no ano de 1850. Percebemos que descumprir leis é algo cultural, tá na raiz do Brasil desde épocas remotas da nossa história.

Em 2015, a OAB reconhece Luiz Gama como advogado 133 anos após sua morte, já este ano, foi reconhecido e teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, através da lei 13.628, DE 16 DE JANEIRO DE 2018.

No mesmo dia é sancionada outra lei, 13.629, DE 16 DE JANEIRO DE 2018, a qual declara Luiz Gama como Patrono da Abolição do Brasil, duas honrarias mais que merecidas, tanto para o povo negro quanto para o Brasil. Mas, há de se notar que esse feito jamais teria sido realizado por um governo à esquerda da política, esses esquerdistas só veem merecimento se o sujeito for um sanguinário, terrorista ou ditador.

Dia da Consciência negra é dia de Luiz Gama, não Zumbi…

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