A munição utilizada para matar a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, fazia parte do lote UZZ-18, que foi usada em guerras entre facções rivais de traficantes em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
A informação foi divulgada pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo, nesta sexta-feira. Esse mesmo lote também já havia sido usado na maior chacina do Estado de São Paulo, em 2015, na qual 23 pessoas foram assassinadas.
O lote foi vendido para a Polícia Federal de Brasília pela empresa CBC em dezembro de 2006. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira que a munição usada para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi roubada da Polícia Federal há muitos anos.
Segundo ele, um dos roubos aconteceu na sede dos Correios da Paraíba, e outro foi cometido por um escrivão na Superintendência da PF do Rio de Janeiro, que já responde inquérito pelo crime.
Ainda de acordo com a reportagem, fontes da Polícia Federal afirmam que o lote tinha quase dois milhões de cápsulas, que foram distribuídas para todas as unidades da Polícia Federal. Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal receberam a maior quantidade: mais de 200 mil cápsulas cada um.
Perícia da Delegacia de Homicídios da capital, responsável pela investigação da morte de Marielle, aponta que a munição usada no assassinato da vereadora foi usada pela primeira vez no crime, ou seja, não tinha sido recarregada e é original.
A investigação da chacina descobriu que, além do lote UZZ-18, os lotes BNT-84, BIZ-91, AAY-68 e BAY-18 também foram utilizados nos crimes cometidos em Osasco, Barueri, Itapevi e Carapicuíba.
O ministro disse que a PF já designou um especialista em impressões digitais e DNA para fazer exame na munição e vai confrontar os resultados com seu banco de dados, para ver se descobre a autoria do crime. Essa parte da investigação, segundo ele, já está a cargo da PF. A apuração, no entanto, terá um complicador adicional.
A Polícia Federal não tem o registro completo da munição que cada policial recebe ao longo da carreira, segundo disse ao GLOBO um dos mais experientes delegados da área.