A Polícia Civil de Minas Gerais já identificou pelo menos dez pessoas suspeitas de agredir jornalistas que trabalhavam registrando a retirada de um grupo de pessoas que passaram cerca de dois meses acampadas em frente ao quartel do Comando da 4ª Região Militar, do Exército, em Belo Horizonte.
As agressões ocorreram nos dias 5 e 6 deste mês, quando agentes de segurança e outros servidores públicos municipais fizeram a primeira tentativa de desmontar o acampamento na Avenida Raja Gabaglia, em frente ao quartel-general do Exército, onde estavam pessoas que rejeitavam o resultado das eleições presidenciais.
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Policiais militares e outros servidores públicos de Belo Horizonte chegaram a iniciar a desobstrução da área no dia 5, quando um repórter fotográfico do jornal Hoje em Dia foi agredido e outros foram xingados e intimidados por pessoas que se recusavam a deixar o local ou apoiavam a manifestação de caráter antidemocrático.
No dia seguinte (6), dois cidadãos, Esdras Jonatas dos Santos e Roberto Carlos de Abreu, obtiveram na Justiça estadual o direito de permanecer acampados em frente ao quartel do Exército, o que acabou estimulando outras pessoas que estavam no local a permanecer lá. A Procuradoria-Geral de Belo Horizonte recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguiu derrubar a decisão do Tribunal de Justiça estadual.
Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a imediata desobstrução de todas as vias do entorno de instalações militares da capital mineira e que os veículos associados aos protestos nas imediações do quartel sejam identificados e multados em R$ 100 mil – multa extensiva “às pessoas que incorrem no descumprimento da decisão mediante apoio material (logístico e financeiro) às pessoas e veículos que permanecem em locais públicos” e aos autores do pedido aceito em primeira instância, Esdras Jonatas dos Santos e Roberto Carlos de Abreu.
Novos tumultos foram registrados durante o cumprimento da decisão definitiva. A Polícia Civil, então, instaurou quatro inquéritos policiais para apurar os crimes de ameaça, lesão corporal, crime contra o patrimônio e associação criminosa.
No fim de semana, ao antecipar os resultados preliminares das investigações, o chefe da Polícia Civil, delegado-geral Joaquim Francisco Neto e Silva, destacou que a apuração das agressões a jornalistas está bastante avançada e, em breve, os envolvidos serão apontados. “Ações como essa têm que resultar em responsabilização”, afirmou Silva.
Já a delegada Cinara Rocha, responsável pelo inquérito que apura as agressões contra jornalistas, garantiu já ter provas testemunhais e laudos periciais que comprovam a prática delituosa. “Possuímos muitas filmagens de câmeras feitas pelos próprios jornalistas e por moradores da região. Estamos buscando identificar o maior número de autores. Existem de dez a 12 pessoas identificadas, com autoria já delimitada, com a conduta individualizada do crime pelo qual estão sendo investigadas”, disse a delegada.
“Se for necessária alguma medida cautelar contra qualquer um dos envolvidos que esteja fora da cidade ou até mesmo fora do país, faremos uma interlocução com todas as instituições envolvidas, como Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário”, acrescentou Cinara.