Uerj: 70 anos como símbolo de resistência e de universidade plural

Presente em oito municípios fluminenses (Rio de Janeiro, Teresópolis, Petrópolis, Nova Friburgo, São Gonçalo, Angra dos Reis, Duque de Caxias e Resende), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) completa hoje (4) 70 anos de fundação. Para marcar a data, serão homenageados em cerimônia online 389 funcionários mais antigos, que completam 25 anos e 40 anos de contribuição à instituição. A homenagem presencial foi transferida para 2021, quando as condições sanitárias permitirem a participação dos servidores e de seus familiares.

Na avaliação do vice-reitor da Uerj, Mário Sergio Alves Carneiro, a data é extremamente importante não só para ele, que ali entrou há 35 anos, mas para a universidade, que oferece para a sociedade dezenas de cursos de graduação, pós-graduação e extensão, atendendo a 35 mil alunos. Os cursos são ministrados em 30 unidades acadêmicas, abrangendo oito municípios do Estado. “É uma universidade plural, inclusiva, com políticas de inclusão, que tem a cara da sociedade fluminense”, afirmou o vice-reitor, em entrevista à Agência Brasil.

A médica Lumena Tereza Gandra, formada pela Uerj, recorda que “lá se vão 41 anos de aprovação no vestibular para a Faculdade de Medicina da Uerj, escola onde tive a honra de ser aluna de professores muito acolhedores e queridos, como Alexandre Adler, Hésio Cordeiro, Gersom Pomp, Noronha, Regazzi, os irmãos Jurado, Reinaldo Guimarães e tantos outros que a memória impede de lembrar”. Mais adiante, completou: “Transitei por todo o campus, almocei no prédio da Odonto, frequentei bibliotecas de todos os andares, assisti shows memoráveis na sua Concha Acústica, paquerei e namorei em seus jardins, estudei e dei plantões no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe)”. Para a dra. Lumena Tereza, a Uerj está guardada para sempre do lado esquerdo do peito, como na canção escolhida para a solenidade de formatura de sua turma, em 17 de dezembro de 1984.

Pioneirismo

A Uerj foi também a primeira universidade a introduzir o ensino noturno, dando ao trabalhador a possibilidade de conquistar o diploma. “Também foi pioneira no sistema de vagas. É essa história que nos traz orgulho, compreendendo essas sete décadas de excelência acadêmica”, manifestou o professor Carneiro. Explicou que a instituição teve papel relevante na capacitação de estudantes e profissionais no estado do Rio de Janeiro. “E abraça com carinho esse papel, prestando serviço à população fluminense. Todos nós temos muito a comemorar neste momento e muito orgulho pela universidade que tem um papel tão bonito na sua existência”.

A Uerj é pioneira quanto à adoção do sistema de cotas no vestibular e da implantação de uma Ouvidoria, posicionando-se sempre à frente das políticas afirmativas e inclusivas. Símbolo de resistência, inserção social e excelência acadêmica, a Uerj é reconhecida entre as melhores universidades do país.

A solenidade comemorativa inclui o lançamento da Rede UerjPlan, voltada ao planejamento estratégico e ao orçamento participativo da universidade. Uma live com samba da melhor qualidade, a cargo do cantor e compositor Noca da Portela, acompanhado por Diogão Pereira no cavaquinho e Igor Lemos na percussão, encerra o evento. Às vésperas de completar 88 anos, o sambista e autor de mais de 300 músicas recebeu este ano o título de Doutor Honoris Causa conferido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Pandemia

Devido à pandemia do novo coronavírus, a maioria dos cursos da Uerj está sendo ministrada no formato online. A universidade tem uma comissão de acompanhamento da pandemia. A avaliação, no momento, diante do agravamento da crise, é que aulas presenciais só voltarão a ser dadas, provavelmente, no segundo semestre de 2021. Os alunos dos últimos anos dos cursos, entretanto, estão tendo aulas presenciais e estágios obrigatórios para não prejudicar sua formatura, disse Mário Sergio Carneiro. O retorno às aulas presenciais vai depender da vacina contra a covid-19.

A vacina pode mudar esse quadro, mas também não é uma coisa que acontece de uma hora para outra”. Durante a pandemia, a Uerj elaborou um programa de inclusão, distribuindo 5 mil chips de dados para alunos em situação de vulnerabilidade social. Foram comprados também tablets para esses alunos. As unidades do complexo de saúde desdobraram as ações no combate ao coronavírus e estão ampliando testagens em função do aumento do número de casos. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) transformou todas as enfermarias e UTIs em unidades para casos mais graves de covid-19.

Memória

Depoimentos de personalidades que passaram pela Uerj podem ser conferidos na página Memória, no site da instituição. Entre eles, estão o educador Paulo Freire; o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho; o antropólogo e sociólogo Darcy Ribeiro; e o geógrafo Milton Santos.

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