O ex-ministro Antonio Palocci disse, em depoimento nesta quinta-feira (6), que a renovação de uma MP (Medida Provisória) teria beneficiado Luís Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Palocci, um esquema foi acertado para o pagamento de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões em propina a Luís Cláudio para a realização do torneio Touchdown, de futebol americano.
Palocci presta depoimento como testemunha de acusação, chamada pelo MPF (Ministério Público Federal). No processo, Lula foi denunciado por corrupção passiva.
Além de Lula, também são réus no processo o então chefe de gabinete do governo Gilberto Carvalho, os empresários Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do Grupo Caoa, e Paulo Ferraz Arantes, da MMC.
A denúncia afirma que o ex-presidente Lula e Gilberto Carvalho teriam aceitado a promessa de R$ 6 milhões como contrapartida à edição da MP.
Para o MPF, o acordo envolvendo propina foi demonstrado em documentos e mensagens trocadas por representantes das montadoras e o escritório do lobista Mauro Marcondes, contratado para interceder junto ao governo com o objetivo de pressionar pela aprovação da Medida Provisória.
Segundo a denúncia do MPF, as irregularidades foram praticadas na edição da MP 471/09, que prorrogou por cinco anos benefícios tributários destinados a empresas do setor automobilístico.
Ela foi renovada em 2013 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, as beneficiárias seriam a Caoa e a Mitsubishi, apontou Palocci.
Palocci cita que, na renovação do benefício, já no governo Dilma, o esquema de benefícios teria se repetido.
“Me foi relatado pelo ex-presidente Lula que ele havia tido entendimentos com o seu Mauro Marcondes”, disse Palocci. O entendimento seria a respeito do repasse de propina.
Palocci relatou que foi procurado pelo filho de Lula em busca de recursos. O ex-ministro falou com o ex-presidente a respeito.
“Procurei o ex-presidente para me relatar que ele tinha me procurado para conseguir recursos”. Lula, então, teria dito que a Caoa e a Mitsubishi dariam recursos a Mauro Marcondes, que faria o repasse a Luiz Cláudio.