A equipe que comandou a campanha para presidente dos Estados Unidos da ex-candidata pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, informou ontem (26) à noite que pretende apoiar o esforço iniciado pelo Partido Verde de solicitar a recontagem de votos dados pelos eleitores no estado norte-americano de Wisconsin.
O pedido de recontagem foi feito oficialmente na última sexta-feira (25), duas horas antes do encerramento do prazo, pela ex-candidata do Partido Verde, Jill Stein. Funcionários eleitorais de Wisconsin devem iniciar a recontagem nas próximas horas.
As eleições para a presidência dos Estados Unidos foram realizadas em 8 de novembro de 2016 com a vitória do candidato do Partido Republicano, Donald Trump. A contagem dos votos porém ainda não foi concluída.
Com a adesão, Hillary Clinton quebra o silêncio que sua equipe de campanha tinha imposto inicialmente sobre o assunto. Ao anunciar que iria acompanhar o assunto, o advogado da campanha de Hillary, Marc Elias, informou que os que apoiaram a candidata do Partido Democrata querem ver um processo “justo” para todos os que entraram na corrida eleitoral.
“Não tínhamos descoberto nenhuma evidência de pirataria ou tentativas externas de alterar a tecnologia de votação, [e por isso] não tínhamos planejado exercer essa opção [de solicitar a recontagem]”, disse Marc Elias, ao explicar porque a equipe de Hillary Clinton demorou em apoiar a decisão do Partido Verde. O advogado acrescentou que, agora, a equipe “vai participar” do acompanhamento da recontagem, “para que ela seja justa para todos”.
O comitê de campanha de Jill Stein está levantando fundos entre os seus eleitores para tentar arrecadar US$ 7 milhões para cobrir as despesas necessárias para a recontagem de votos. Até ontem (26), o Partido Verde já tinha arrecadado US$ 5,9 milhões.
O presidente eleito, Donald Trump, criticou o pedido do Partido Verde. Em mensagem pelas redes sociais, Trump considerou a iniciativa como “um embuste do Partido Verde para uma eleição que já foi resolvida”.
Em um comunicado, Trump disse que “esta recontagem é apenas uma maneira [de a candidata pelo Partido Verde Jill Stein], que recebeu menos de um por cento do total de votos e não estava nem mesmo na cédula em muitos estados, de encher seus cofres com dinheiro, sendo que a maior parte [desse dinheiro] ela nunca vai gastar com isso”.
Em postagem no Twitter, Trump também criticou a equipe de Hillary Clinton por aderir à recontagem. “A farsa do Partido Verde para encher seus cofres, pedindo uma [recontagem] impossível agora está sendo reforçada pelos Democratas, maus perdedores e desmoralizados”.
A Comissão Eleitoral de Wisconsin confirmou que recebeu uma petição de recontagem de Jill Stein, bem como candidato independente Rocky De La Fuente, menos de duas horas antes do fim do prazo que terminava na sexta-feira.
Outros estados
A iniciativa de Jill Stein não deve se limitar ao estado de Wisconsin. Ela lançou uma campanha nacional para arrecadar fundos visando solicitar a recontagem dos resultados das eleições de 2016 também nos estados de Michigan e Pensilvânia.
O pedido de recontagem em Wisconsin é um fato incomum levando-se em conta o número de votos obtidos pelos candidatos (Jill Stein e Rocky De La Fuente) que solicitaram a recontagem. Jill Stein recebeu apenas 31.006 votos em Wisconsin.
Em seu anúncio inicial, Jill Stein falava em solicitar apenas auditoria no processo de contagem dos votos, uma tarefa menos árdua e menos cara do que uma recontagem completa. O estado de Wisconsin já estava inclusive iniciando uma auditoria, embora com abrangência limitada.
Agora, cada voto – de um total de 2.975.313, em 1.853 jurisdições – terá de ser novamente registrado até 13 de dezembro. Essa vai ser uma tarefa difícil de ser executada, de acordo com o chefe da Comissão de Eleições de Wisconsin, Michael Haas. “O processo de recontagem é muito detalhista, e esse prazo certamente desafiará alguns municípios a terminar em tempo”, disse Haas em um comunicado. Antes que os votos sejam contados, as juntas de conselheiros de cada distrito irão examinar listas de pesquisas, pedidos de ausência, boletim de voto ausente rejeitado e cédulas provisórias para uma contagem adequada.