Há algum tempo circula nos bastidores de Brasília uma lista de possíveis candidatos a suceder o presidente Michel Temer (PMDB) caso haja uma eleição indireta realizada pelo Congresso.
Outros surgiram nesta quinta-feira (18), após a revelação de que Temer deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato. Já são pelo menos oito ”concorrentes” à cadeira de Temer.
Os mais cotados até antes da nova crise política vinham sendo o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-deputado Nelson Jobim; a presidente do STF, Cármen Lúcia; o também ministro do Supremo Gilmar Mendes; e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Após a revelação da gravação comprometedora de Temer, também foram “lançados” outros concorrentes: o senador Alvaro Dias (PV-PR); o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Qualquer brasileiro com mais de 35 anos pode, em tese, concorrer na eleição indireta. Mas, obviamente, é preciso apoio do Congresso para ser eleito. E é justamente esse fator que torna os magistrados “candidatos” com chances.
Cármen Lúcia e Gilmar Mendes: dois nomes do STF cotados.Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr.
O parlamento brasileiro tem representantes de 26 partidos, que dificilmente entrariam em consenso para eleger um político. Um nome que desagrade o menor número possível de siglas, nesse sentido, tende a ter mais chances. E é aí que surgem os ministros e ex-ministros do STF. Eles incorporariam o perfil de “moderadores” das diversas correntes políticas. Uma característica necessária para superar a crise.
Os magistrados
Mas, no caso dos nomes ligados ao Supremo que circulam nos bastidores, apenas Cármen Lúcia tem o perfil apartidário. Conta a favor dela o fato de a ministra ter uma posicionamento duro em julgamentos que envolvem casos de corrupção. Além disso, ela demonstrou boa capacidade de articulação política, no ano passado, ao esfriar a crise institucional entre o Congresso e o Judiciário – deflagrada após o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se recusar a cumprir liminar do ministro do STF Marco Aurélio Mello que determinava seu afastamento do cargo.
Já Nelson Jobim foi deputado pelo PMDB e ministro da Justiça de FHC. Chegou ao Supremo por indicação de Fernando Henrique. Depois de deixar o STF, foi ministro da Defesa de Lula. No Congresso, até pouco tempo atrás era tido como o “favorito” numa eleição indireta justamente por ter transitado pelos governos do PSDB e do PT. Teria a simpatia de parlamentares da direita e da esquerda.
Gilmar Mendes, por sua vez, tradicionalmente é associado ao PSDB. Petistas costumavam vê-lo como um “inimigo”. Mas, nos últimos meses, o ministro passou a externar opiniões críticas à Operação Lava Jato e a tomar decisões no STF alinhadas com esse posicionamento. E, então, Mendes passou a ser visto nos bastidores como uma espécie de tábua de salvação da classe política.
Fernando Henrique diz que não quer. Mas está na bolsa de apostas.Foto: Wilson Dias/ABr.
Os políticos
O nome de Fernando Henrique também é comentado nos bastidores – embora ele já tenha negado a intenção de voltar à Presidência. Quem defende o retorno de FHC alega que ele, apesar de ele ser tucano, tem adotado posições moderadas – inclusive fazendo acenos amistosos ao PT. Além disso, FHC tem experiência no cargo.
O senador paranaense Alvaro Dias entrou nesta quinta-feira (18) na lista de possíveis candidatos. Mas não nas rodas de conversa do Congresso. E sim como “sugestão” do jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Alvaro tem tido uma atuação independente no Senado, não se alinhando automaticamente nem ao governo nem à oposição. E não é alvo de investigação da Lava Jato.
Alvaro Dias e Geraldo Alckmin: dois nomes “novos”.Foto: Gazeta do Povo/Arquivo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também tem sido citado. Apesar de ser filiado ao PSDB, seria o nome da bancada do PSB no Congresso – ou ao menos de parte dessa bancada. Alckmin estaria inclusive negociando uma filiação ao PSB. Ele vinha tendo dificuldades para ser escolhido como candidato tucano à Presidência em 2018. Alckmin é citado nas investigações da Lava Jato.
Rodrigo Maia tem bom trânsito político, mas está envolvido na Lava Jato.Foto: Marcelo Camargo/ABr.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também teria chances. Ele tem bom trânsito na Câmara. Mas é o outro nome citado nas investigações da Lava Jato.
O homem do mercado
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é outro nome que passou a ser considerado como uma possibilidade no caso de afastamento de Temer. Seria uma opção para garantir a estabilidade dos mercados, pois não haveria mudanças na condução da economia. Também poderia manter o rumo das reformas que vinham sendo realizadas pelo governo Temer. Politicamente, poderia ser um nome aceito por uma parcela da esquerda. Meirelles foi presidente do Banco Central no governo Lula – que inclusive quis emplacar seu antigo auxiliar na Fazenda do governo de Dilma Rousseff.
Meirelles seria aposta para garantir a estabilidade econômica e as reformas.Foto: José Cruz/ABr.
Como Michel Temer pode cair
Rodrigo Maia
Presidente da Câmara
Assume interinamente por 30 dias a Presidência da República.
Convoca eleições indiretas no Congresso Nacional
Candidatos
Qualquer brasileiro (a), com mais de 35 anos, com filiação partidária e que não se enquadrem em qualquer das restrições da Lei da Ficha Limpa.
Votam todos os parlamentares
513 Deputados 81 SenadoresOcorre, separadamente, uma eleição secreta para presidente da República e outra para vice. Em cada uma delas são necessários ao menos 298 votos, maioria absoluta.Caso o número mínimo de votos não seja atingido, ocorre uma segunda votação.Se, mesmo assim, ninguém conseguir a maioria absoluta, ocorrerá uma terceira votação. Desta vez vence quem obter a maioria simples dos votos.
Presidente e vice eleitos indiretamente
Mandato tampão até o fim de 2018
Fonte: Redação. Infografia: Gazeta do Povo