O ex-zelador do Edifício Solaris, no Guarujá (SP), onde está localizado o apartamento tríplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Operação Lava Jato, se irritou hoje (16) durante uma audiência com o juiz federal Sérgio Moro. Ele voltou a dizer que o ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, frequentavam o local durante a reforma da unidade e que “todos sabiam” que a unidade era do ex-presidente, inclusive os condôminos. Após ser questionado pelo defensor Cristiano Zanin sobre o motivo pelo qual se candidatou a vereador em Santos nas eleições de outubro, José Afonso Pinheiro xingou um dos advogados de Lula. “Vocês são um bando de lixo!”, disse.
O profissional foi arrolado pela força-tarefa das investigador da Lava Jato para testemunhar na ação penal na qual o ex-presidente é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina de empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de vantagens indevidas. Entre elas estariam a reforma do tríplex e pagamento de despesas com guarda-volumes.
Pinheiro se exaltou após o advogado Cristiano Zanin afirmar que ele não tinha isenção para testemunhar contra o ex-presidente por ter sido candidato a vereador nas eleições de outubro e exercer atividade política.
“Eu vou falar um negócio para você [advogado]. Depois dessa situação toda que teve no Solaris [Edifício], eu fiquei desempregado, numa situação difícil, onde você nem imagina. Você não sabe o que é ficar desempregado, passando por uma dificuldade terrível. O desemprego está altíssimo. Eu fui envolvido numa situação, que eu não tenho culpa nenhuma. Eu perdi o meu emprego, perdi a minha moradia, aí você vem querer me acusar, falar alguma coisa contra mim. O que você faria numa situação dessa?, como você sustentaria sua família? Você nunca passou por isso, quem é você para falar alguma coisa contra mim? Vocês são um bando de lixo!”, disse.
Após as declarações, o ex-zelador foi advertido por Sérgio Moro, que pediu ao depoente que se acalmasse e que não era o momento de “ofender ninguém”.
Defesa
Em nota, a defesa de Lula afirmou que, a partir do depoimento de 23 testemunhas que foram ouvidas pelo juiz, entre elas o ex-zelador, é possível afirmar que “não se extrai das narrativas atuais qualquer elemento” para sustentar a acusação do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente. Sobre os xingamentos do ex-zelador, a defesa disse que José Afonso Pinheiro não foi contido pro Moro.
“O fato soma-se ao rol dos demais episódios que evidenciam a parcialidade do juiz Moro no julgamento do ex-presidente e que integram o comunicado feito ao Comitê dos Direitos Humanos da ONU, em julho. Suas provocações e exaltações no curso desta audiência foram enfrentadas com muita serenidade, especialmente considerando que o juiz apresentou ao longo da sessão fatos estranhos ao objeto da ação.”, diz a nota.