Governador do Rio quer cavar covas para enterrar bandidos e navios-prisões

Em encontro reservado, fora da agenda oficial, com integrantes das forças de segurança, na sede da Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio de Janeiro (AME-Rio), o candidato ao governo do Rio Wilson Witzel (PSC) reforçou os compromissos com o setor. Em um discurso de aproximadamente meia hora, em um auditório lotado, o ex-juiz arrancou aplausos ao prometer, se necessário, cavar mais covas para enterrar criminosos e a fazer navios-presídio em alto mar para abrigar presos. Eleições Rio

— A partir do dia 29, estará declarada a guerra ao crime organizado. Mas guerra feita por quem entende. Tem prazo para acabar essa bandidagem do nosso estado. E não vai faltar lugar para colocar bandido. Cova a gente cava, e presídio, se precisar, a gente bota navio em alto mar — afirmou Witzel.

O candidato voltou a falar sobre a orientação para o “abate”: quando um criminoso é encontrado, mesmo fora de situação de combate, o policial poderá matá-lo, segundo o candidato, embasado pelo artigo 25 do Código Penal:

— Bandido de fuzil, só outro fuzil para paralisá-lo. Não adianta falar para colocar o fuzil no chão, que ele vai atirar. Recado dado: bandido de fuzil será abatido. O policial que for questionado, será defendido pela Defensoria Pública — disse.

Durante o evento, Witzel voltou a se comprometer com pautas solicitadas anteriormente por policiais militares, como o fim do Regime Adicional de Serviço (RAS) compulsório, a mudança na escala, com aumento de intervalo entre as jornadas de trabalho, e a contratação de mais policiais.

No início do evento, em aceno às categorias presentes, o ex-juiz disse que pedirá à Polícia Militar que faça um uniforme para o governador do Rio, o que entende como uma homenagem à categoria, e insinuou que a ideia faria com que o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil desejassem fazer o mesmo.

— Será bem diferente de todos os outros governadores. Me parece que será uma homenagem justa às nossas forças de segurança, quando eu puder embainhar novamente minha espada de oficial e envergar o uniforme de nossa briosa Polícia Militar. Aí o Corpo de Bombeiros vai querer fazer uniforme para o governador também. A Polícia Civil. Esse é o espírito: estarmos na posição do servidor público — explicou.

Essa não foi a única referência a uniformes que o candidato a governador fez durante a noite. Ao lembrar suas carreiras de juiz e de militar, como ex-fuzileiro naval, demonstrou saudosismo da vida da caserna:

— Quem me viu tenente sabe da minha vibração. O destino quis que eu seguisse esse destino. Mas, se eu pudesse, eu ia trabalhar debaixo da toga de camuflado, com muita honra. Deus quis que eu seguisse esse caminho para que pudesse estar aqui hoje.
O único momento em que demonstrou algum desconforto durante a noite foi ao queixar-se conteúdo falso que circula em seu nome nas redes sociais. Neste momento, atacou o adversário Eduardo Paes (DEM), sem citar o nome do ex-prefeito do Rio, com quem concorre neste segundo turno:

— Vamos enfrentar todas as fake news a meu respeito. Essa propaganda nojenta, difamatória que aparece em meu nome. Nunca pratiquei atos ilegais na minha vida. Eu lamento essa campanha me chamando de frouxo, dizendo que eu ensino juízes a fazer falcatruas. Quem está falando isso é mais sujo do que pau de galinheiro. Esse sim está com os dias contados. A chance que ele está se agarrando de ser governador é para ter foro privilegiado. Mas aqui no Rio de Janeiro tem Wilson candidato a governador. Não vou deixar você ser governador. Sseus dias estão contados. A cadeia de Bangu te espera — concluiu.

Ao final, apressado para sair, respondeu apenas a uma das 50 perguntas feitas pelos convidados, registradas em papel. Elas acabaram encaminhadas a seus assessores.

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