Atualizado às 22:55 (14/04/2020) — horário de Brasília.
Uma parte dos meios de comunicação tradicionais e de grande porte está informando apenas os números de infectados e de mortos pelo novo coronavírus, geralmente omitindo o número de pacientes curados (recuperados), ou não dando muita atenção a esse dado. Esse é o comportamento da Rede Globo nos plantões sobre o coronavírus, nos intervalos comerciais.
Autores da Folha de São Paulo[1], da Veja[2] e do Estadão[3] estão se comportando do mesmo modo. Mas qual é o problema desse comportamento? Por que a crítica? Porque a informação deve ser completa e, além disso, não apresentar o número de curados pode causar preocupação desnecessária, excessiva, ou até pânico, em uma parte considerável do público.
Para piorar, o Ministério da Saúde está fazendo o mesmo em algumas notícias em seu site[4], bem como no Painel Coronavírus.
No Brasil, 25.262 pessoas já foram infectadas, das quais 1.532 morreram. Informar que 1.532 pessoas já morreram sem informar que outras 14.026 pessoas curadas causam reações bem diferentes no público. E este último número é real.
Agora um exemplo fictício: falar que em um município 100 pessoas foram infectadas, das quais 7 morreram, causa uma preocupação maior do que falar que 100 pessoas foram infectadas, das quais 7 morreram e 30 foram curadas.
É isso que deve ser feito com os números do coronavírus.
[1] Folha: Brasil bate recorde e registra 204 novas mortes por coronavírus em 24 h, Brasil tem 105 novas mortes por coronavírus em 24 h; total é de 1.328, Coronavírus provoca mortes em quase todas as regiões do estado de SP
[2] Veja: Coronavírus: Brasil registra 204 óbitos em 24 horas; mortos chegam a 1.532, Brasil chega a mais de 1.200 mortos por coronavírus
[3] Estadão: Em novo recorde, Brasil registra 204 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, Brasil registra 105 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas
[4] Ministério da Saúde: Brasil registra 25.262 casos confirmados de coronavírus e 1.532 mortes