O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (9) que não espera absolvição do juiz Sergio Moro, mas sim um pedido de desculpas. Lula é réu em seis ações penais, sendo duas delas sob responsabilidade de Moro, que já o condenou a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
“Eu sei que eu estou lascado. Todo dia tem um processo. Eu não quero nem que o Moro me absolva, só quero que ele me peça desculpa”, disse Lula. “Eles estão mexendo com uma pessoa que tem como legado respeitar as pessoas. Eu sempre respeitei o de baixo e o de cima. Eu tenho profundo respeito com quem me respeita, mas eu não tenho respeito por quem não me respeita”, completou o ex-presidente.
Lula discursou durante seminário sobre educação pública, desenvolvimento e soberania nacional organizado em Brasília pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido. Ele estava na companhia da presidente nacional da sigla, a senadora Gleisi Hoffmann, do senador Lindbergh Farias, do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, entre outros petistas.
O ex-presidente voltou a atacar a força-tarefa da Lava Jato, dizendo se tratar de “mentiras” as acusações feitas contra ele pelo MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal, que foram aceitas e estão sob julgamento de Moro. Para Lula, trata-se de um ataque para impedi-lo de concorrer novamente à Presidência da República e que tem levado o país às condições atuais de crise econômica.
“Eu acho que o Brasil não deveria sofrer por isso tudo [crise econômica] só para não votar no Lula. Mas eles acham e trabalham para isso”, afirmou. “Eu quero que eles saibam que o problema deles não é o Lula. O problema é que no Brasil milhões de pessoas aprenderam a ter consciência política. Se eles acham que me tirando da disputa resolvem o problema deles, façam, e vamos ver o que acontece neste país”, completou.
Cabo eleitoral
Lula também propôs um desafio, caso não possa concorrer às eleições por condenação em segunda instância. “Eles também falam que se eu não for candidato, não terei força como cabo eleitoral. Testem! Façam! Porque a verdade é que eles têm que saber não pela minha boca, mas pela boca de vocês, de que só tem um jeito para esse país voltar a crescer, é com democracia e eleição direta. Um presidente da República só vai consertar esse país com credibilidade e respaldo do povo brasileiro”, afirmou.
O ex-presidente se emocionou ao falar sobre a sua juventude, sobre a falta de acesso à educação e à universidade, e disse que para ele educação é questão de honra. “Porque quero que todos os filhos de trabalhadores tenham oportunidade, a oportunidade que eu não tive, nem eu e nem meus oito irmãos”, afirmou. “Em se tratando de educação, estou disposto a ir até as últimas consequências”, afirmou Lula.