O Brasil não é para amadores, pois só tem picaretas profissionais

Tivemos um começo de semana agitado, e decepcionante para aquilo que passou a ser chamado de “direita janotista”. Não foram poucos os “puristas” que, quando a delação da JBS veio a público, cobraram uma reação contra o presidente Temer com o mesmo vigor que se teve contra Dilma e o PT.

“Não temos bandidos favoritos”, gritavam, acusando os outros, mais céticos e desconfiados, de defender bandidos.

Pedimos calma. Chamamos a atenção para o fato de que tudo foi muito estranho, vindo de onde vinha, da forma que veio. Uma delação com toda pinta de armação, envolvendo inclusive um procurador-geral da República claramente com viés petista, disparando flechas seletivas demais, despertando para o patriotismo tarde demais.

Um dos mais estridentes críticos que fez alertas caiu em descrédito, pois tem laços muito fortes com o tucanato, teve áudio de conversa com a irmã de Aécio Neves vazado de forma criminosa, e todos concluíram que a coisa não passava da defesa de seus companheiros. Mas vários outros alertaram também: cuidado com o Escargot, que pode estar tão estragado quanto a carne podre. E a mistura com Miller pode “dar ruim”…

E deu. Nos áudios que foram divulgados, vemos um esquema montado com finalidade certa, e nada republicana. Na conversa, Saud comenta como Marcelo Miller, que foi braço direito de Janot no Ministério Público, está atuando para “tranquilizar” os delatores e relata que a tática para se aproximar e conquistar a confiança do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é a de “chamar todo mundo de bandido”.

Chamar todo mundo de bandido sempre foi a tática adotada pelo PT quando seus escândalos vieram à tona. Misturar o baralho, avacalhar o jogo, acusar o “sistema”. Sair do “nunca antes na história deste país” para o “sempre antes na história deste país”, como se não houvesse diferença entre a roubalheira anterior e a institucionalização da corrupção praticada pelo PT de olho em seu projeto totalitário de eternização no poder, nos moldes venezuelanos.

Sim, só vemos corrupção no governo. Ninguém é santo. Daí a concluir que o ladrão de galinha e o mafioso são iguais vai uma longa distância. A distância que separa o idiota útil do pragmático. A narrativa do PT exigia que todos fossem colocados no mesmo saco podre, e Janot atuou com esta finalidade em mente, ao que tudo indica.

Os “janotistas” não quiseram saber quem denunciava, tampouco do oportunismo de tanta gente, liderada pelos artistas engajados, que saía da toca finalmente para criticar os corruptos. Uma baita coincidência Caetano e companhia despertarem logo depois da saída do PT do poder, não é mesmo? Ao lado do PSOL eu não grito nem “viva o Brasil”, como cheguei a dizer. Bancar o idiota útil de comunista? Estou fora!

Os “puristas” jacobinos devem estar com enxaqueca hoje. Foram confiar na dupla Janot/Fachin, deu nisso! Agora a delação da JBS pode ser cancelada. Janot fez pronunciamento público posando de “noiva traída”, como disse Carlos Andreazza. Não cola! Não engana ninguém mais. Ou engana? Os protagonistas da farsa ainda esperam Joesley entregar algo concreto contra Lula? Que piada!

O Brasil não é para amadores. E o motivo é simples: só tem picareta profissional aí! Não é generalizar para concluir que todos são iguais, pois isso é justamente fazer o jogo do PT. Nem todos são iguais. Os petistas, por exemplo, são muito piores, em todos os sentidos. Mas é bom desconfiar de justiceiros seletivos, de delatores tardios, que se tornaram gigantes durante o governo de Lula, e curiosamente entregam Temer como “chefe de quadrilha”. E a turma reproduz nas manchetes dos jornais, sem nem ruborizar!

Além das gravações que complicam a vida de Janot, temos a notícia do esquema que teria sido montado para a compra de votos para garantir o Rio como sede olímpica em 2016. Nuzman e o “Rei Arthur” terão que dar explicações à Lava Jato. Apenas mais um caso em que os céticos (realistas) dispararam alertas, mostrando que tudo era muito suspeito, que aquela felicidade toda dos envolvidos não era pelo patriotismo, e que a brincadeira custaria muito caro aos brasileiros otários.

O Brasil cansa. Quem é sério insiste com suas esperanças, e assim que deve ser. Não podemos simplesmente abandonar tudo, entregar nosso país nas mãos dos picaretas profissionais. Mas fica claro a cada dia como é ingrata e inglória a luta dessa gente por um país melhor. A sensação que temos é a de dar murros em ponta de faca. É muita picaretagem, meu Deus! Rodrigo Constantino Gazeta do Povo.

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