A oposição venezuelana anunciou ontem (23) que as negociações com o governo do presidente Nicolás Maduro estão “congeladas”. De acordo com o secretário do partido Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, a decisão foi tomada porque Maduro não enviou representantes a duas reuniões marcadas para a noite da última terça-feira (22). “Posso confirmar que o governo, de maneira irresponsável, congelou o processo de diálogo ao deixar de comparecer a duas reuniões da comissão técnica”, disse Torrealba. As informações são da Agência Ansa.
Outro líder da oposição, Henrique Capriles disse que a ausência do governo nas negociações é uma reação ao fato de a Assembleia Nacional ter discutido um caso de tráfico de drogas no qual são citados dois sobrinhos de Maduro, Efraín Campos Flores e Franqui Francisco Flores de Freitas, ligados à primeira-dama Cilia Flores.
“O governo se ausentou das mesas de negociação depois deste debate no Parlamento, dando uma desculpa. Além disso, o governo não cumpriu nada que prometeu, inclusive sobre a participação do papa Francisco na mediação”, disse Capriles, que já tentou a candidatura presidencial duas vezes.
Campos Flores e Flores de Freitas foram considerados culpados pela Corte de Nova York, nos Estados Unidos, por traficarem 800 quilos de cocaína no país.
Já o governo de Maduro negou que tenha abandonado as negociações políticas que estão sendo mediadas pelo Vaticano e pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
A oposição e o governo iniciaram em 30 de outubro uma série de rodadas de diálogo para tentar colocar um fim à crise política, social e econômica local, que provoca há meses um desabastecimento, inclusive de alimentos, e um êxodo de cidadãos venezuelanos. A próxima rodada de negociações está marcada para 6 de dezembro.