O presidente eleito Jair Bolsonaro conversou hoje (19) à tarde por telefone com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. O primeiro-ministro está no posto desde 2010 e integra o Fidesz, partido de extrema direita que tem, atualmente, a maior bancada de deputados no país europeu. Orbán é alvo de críticas principalmente pelo política anti-migratória.
Bolsonaro disse que recebeu o telefonema para parabenizá-lo por sua vitória nas eleições de outubro. Orbán também teria manifestado a intenção de comparecer à posse do presidente eleito no dia 1º de janeiro. “Ele está muito feliz com a nossa eleição”, disse Bolsonaro, na portaria do condomínio onde mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ao voltar de uma agência bancária.
O presidente eleito falou sobre a possibilidade de firmar futuras parcerias com a Hungria. Ao descrever o país do Leste Europeu, ele ressaltou os impactos do regime socialista e destacou que o brasileiro “não sabe” o que é ditadura por que não houve ditadura no Brasil.
“A Hungria é um país que sofreu muito com o comunismo no passado, tem um povo que sabe o que é ditadura. O povo brasileiro não sabe o que é ditadura aqui ainda. Não sabe o que é sofrer nas mãos dessas pessoas.”
Violações
Em setembro, o Parlamento Europeu acionou pela primeira vez o Artigo 7º do Tratado da União Europeia e recomendou a instauração de um procedimento disciplinar contra a Hungria por violações graves a direitos de imigrantes e por ignorar regras democráticas. O artigo prevê, como sanção máxima, a suspensão dos direitos de voto do Estado-membro.
Questionado sobre essa situação, Bolsonaro afirmou que a Europa está sofrendo com a imigração desordenada. Ele também criticou a Lei de Migração aprovada no ano passdo no Brasil. “Eu fui contra essa última Lei de Migração. Ela transformou o Brasil em um país sem fronteiras. Não podemos permitir a entrada indiscriminada de quem quer vir para cá. Se essa lei continuar em vigor, qualquer um pode entrar aqui e chega aqui com mais direitos do que nós.”
O presidente eleito também comentou o embate entre organizações não-governamentais (ONGs) e o governo da Hungria, sinalizando como pretende abordar a questão durante seu mandato. Em agosto, ONGs húngaras denunciaram que o governo de Orbán estaria deixando refugiados passarem fome para afugentá-los do país.
“Se são não-governamentais porque receber dinheiro do governo? [No Brasil] empresas públicas não vão financiar ONGs para fazer campanha contra os interesses nacionais”, disse.