Nós já elegemos animais. Começou em São Paulo, nos idos de 50, numa época em que a eleição ainda era realizada com cédulas de papel. Como forma de protesto (pois é, parece que a população já andava na bronca com os políticos naquela época), 100 mil eleitores votaram no Rinoceronte Cacareco para vereador de São Paulo, em outubro de 1959.
O animal foi o candidato mais votado do pleito (o partido mais votado não chegou a 95 mil votos). Cacareco ganhou destaque na imprensa após ser emprestado por seis meses pelo Rio de Janeiro para a inauguração do Zoológico de São Paulo. Do estrelato às urnas foi um pulo.
Décadas depois, nos idos de 80, o jornal “O Planeta Diário” e a revista “Casseta Popular” – da trupe que fundaria o Casseta & Planeta – lançaram no Zoológico do Rio de Janeiro, a candidatura do chimpanzé Tião à Prefeitura da cidade. Estima-se que o Macaco Tião tenha “recebido” mais de 400 mil dos votos dos eleitores, alcançando o que seria equivalente ao 3º lugar na corrida, de um total de 12 candidatos. O feito colocou Tião no Guinness World Records como o chimpanzé que recebeu o maior número de votos no mundo, todos devidamente anulados pelo TRE.
Ainda nos anos 80, com um surto de dengue na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, moradores encontraram um jeito irreverente de protestar contra as autoridades: votando em massa num mosquito para o cargo de prefeito. Ao todo, “mosquito” foi escrito por 29.668 eleitores nas cédulas eleitorais – enquanto seus principais adversários, humanos, receberam 26.633 e 19.609 votos, respectivamente. Todos os votos para o mosquito também foram anulados. De qualquer forma, com um tempo de vida médio que não ultrapassa os 45 dias, não haveria a menor possibilidade dele permanecer vivo até a cerimônia de posse.