O nome do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), aparece nos depoimentos de três delatores da Odebrecht. Eles relataram, em seus acordos de colaboração premiada, que as campanhas do tucano teriam recebido R$ 10,3 milhões em caixa dois da empreiteira nos anos de 2010 (R$ 2 milhões) e 2014 (R$ 8,3 milhões).
Diante disso, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, acatou o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e remeteu a investigação contra o governador para o Superior Tribunal de Justiça, Corte responsável por julgar governadores.
Em seu despacho, assinado no dia 4 de abril, o ministro Fachin assinala que os relatos de pagamentos ilícitos a Alckmin constam das delações premiadas de Benedicto Barbosa Silva Júnior, ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, e de Carlos Armando Guedes Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, também da empreiteira.
No despacho, o ministro aponta que os repasses às campanhas do tucano em 2010 e 2014 não foram contabilizados e vieram do Setor de Operações Estruturadas, nome oficial do “departamento da propina” da Odebrecht revelado pela Operação Lava Jato.
“Menciona-se, inclusive, que Adhemar César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin, receberia pessoalmente parte desses valores e que, ao lado desses pagamentos, houve também doação oficial de R$ 400.000,00”, segue Fachin no despacho.
O ministro do STF também determinou o levantamento do sigilo dos autos e autorizou que as informações das delações que citam o governador de São Paulo sejam usadas pela Procuradoria-Geral da República perante o STJ.
Por meio de nota divulgada por sua assessora, o governador de São Paulo afirmou que “jamais” pediu recursos irregulares em sua vida política e nem autorizou que pessoas fizessem isso em seu nome.
Confira a íntegra da nota: “Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei.” governador Geraldo Alckmin.