O Brasil pode precisar cobrir R$2,3 bilhões em dívidas atrasadas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caso Venezuela, Cuba e Moçambique não paguem as dívidas que têm com o governo.
Os empréstimos foram impulsionados nos governos do PT, mas eram criticados por economistas que viam relação entre os financiamentos e subsídios para as grandes construtoras que, anos depois, acabariam sendo alvos da Operação Lava Jato.
A Venezuela é o maior devedor, com cerca de R$1,6 bilhão atrasados desde o final de 2017. O governo brasileiro ajudou a financiar o metrô de Caracas, na capital do país. Outro grande responsável pela dívida é Cuba, pela construção do Porto de Mariel.
“No fim das contas, a sociedade está pagando a conta”, avalia o professor Sérgio Lazzarini, do Insper. Os atrasos confirmam o que já se sabia: esses países são mais arriscados. O especialista avalia que os repasses deveriam ter sido rigorosamente avaliados, considerando custos e benefícios, antes de serem concedidos.
Novo presidente do BNDES e ex-ministro do governo Dilma, Joaquim Levy afirma que os empréstimos não se repetirão. Ao falar das perdas com os atrasos de Venezuela e Cuba, ele evitou relacionar os calotes a suspeitas de corrupção, mas disse que as operações “responderam às prioridades de governo naquela época”.
Para o consultor Welber Barral, no entanto, o financiamento faz parte do jogo do comércio internacional. Segundo ele, é comum que governos realizem ações do tipo. No caso das grandes obras de infraestrutura, a opção por países emergentes mais arriscados seguiu as condições de mercado, já que as construtoras brasileiras, assim como as da China, dificilmente disputam contratos nos países desenvolvidos.
Estadão Conteúdo