Qual seria o maior erro histórico? Prender Lula? Ou apoiá-lo após tudo o que a Lava Jato descobriu?
Era noite de 02 de outubro de 2016. João Doria acabara de conquistar um vitória histórica, em primeiro turno, contra Fernando Haddad. Em resposta a insinuações de Lula, o prefeito eleito de São Paulo assim respondeu: “Eu estou numa noite de paz, mas o Lula sabe quem em algum momento vou visitá-lo em Curitiba e levar chocolates para ele. Farei minha homenagem a ele“.
Em 04 de outubro de 2017, o já prefeito de São Paulo almoçou com empresários. E fez uma avaliação negativa de uma eventual prisão de Lula. Nos seguintes termos:
“Mesmo que Lula não seja candidato, ele vai ter um preposto e serão dois a fazer campanha. Se prenderem o Lula, pior ainda, porque ele vai se vitimizar e aí incendeia o País. Seria a pior hipótese a Justiça, embora totalmente soberana para decidir, aprisioná-lo em meio ao processo eleitoral. Seria um erro histórico.”
Em exatos 367 dias, Doria mudou de “vou visitá-lo em Curitiba” para “seria um erro histórico” prender Lula. Talvez faça sentido o que diz. Mas suas palavras foram entendidas como uma defesa do ex-presidente.
Num momento em que o prefeito de São Paulo estaria migrando para um grupo político que inclui Michel Temer, Rodrigo Maia, Aécio Neves e Gilmar Mendes, autoridades tão ou mais “anti-Lava Jato” do que Lula.
Em 03 de fevereiro, Josias de Souza publicou parte do diálogo protagonizado por Lula e Michel Temer no Sírio-Libanês quando da morte de Marisa Letícia:
Lula:
“Michel, quando quiser conversar comigo, me chame. Não posso é ficar me oferecendo.”
Michel Temer:
“Ah, com essa abertura, vou chamar muitas vezes.”
A verdade é que a oposição do PT é só para petista ver. Com um inimigo comum (a Lava Jato), o petismo grita, mas deixa Temer enfileirar vitórias. Sabe que o protagonismo do PMDB irrita menos a população.
Coincidentemente, o futuro candidato a presidente deste grupo passou a espalhar por aí que a prisão de Lula seria um “erro histórico”. E é bom que seja coincidência. Do contrário, a mudança de postura pode se tornar um erro histórico.