Em comunicado, o ministro da Educação do estado de Victoria, James Merlino, afirmou ter pedido “à autoridade reguladora para abrir um inquérito” relativo a uma situação “muito preocupante”, caso se comprovem as acusações.
Um antigo professor da escola Al-Taqwa de Melbourne escreveu, esta semana, ao Governo federal e do estado de Victoria para acusar o diretor, Omar Hallak, de acreditar “que se as mulheres correrem excessivamente podem perder a virgindade”, noticiou o jornal The Age.
“O diretor pensa existirem provas científicas que demonstram que se as mulheres ficarem feridas, por exemplo, se partirem uma perna a jogar futebol, podem ficar estéreis”, indicou.
O jornal publicou também uma carta dirigida ao diretor a criticar, numa aparente referência à equipa de corrida de fundo da escola, a proibição imposta, em 2013 e no ano passado, de participação das alunas da primária nestas competições.
Esta decisão é “um verdadeiro insulto para todas as mulheres que iam participar nas corridas. O ‘hadith’ [ensinamento do profeta Maomé] não proíbe as mulheres de correr. Desde que se use o vestuário apropriado, as mulheres podem correr”, pode ler-se na carta.
O estabelecimento de ensino privado, que tem 1.700 alunos com idades entre os cinco e os 18 anos, da primária ao liceu, é considerado o maior do estado de Victoria, de acordo com dados governamentais. Em 2013, a escola recebeu mais de 15 milhões de dólares australianos (10,8 milhões de euros) em financiamentos públicos.
Esta não é a primeira vez que Omar Hallak domina a capa dos jornais. No mês passado, disse ao The Age ter pedido aos alunos para não se juntarem ao movimento extremista Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria porque o grupo faz parte de uma conspiração dos Estados Unidos e Israel para dominar os recursos petrolíferos no Médio Oriente.
Os combatentes do EI “são equipados e treinados” pelos Estados Unidos e Israel, declarou ao jornal.
“A prova é que todos os equipamentos dos ‘jihadistas’ são novos (…) não pensamos que tenham sido muçulmanos a criar o EI. Matar inocentes não é islâmico”, disse Hallak.
Em setembro do ano passado, a Austrália elevou o nível de alerta terrorista, na sequência da partida de mais de 100 cidadãos australianos para o Iraque e Síria para combater nas fileiras do EI.