A Casa Branca acusou nesta quarta-feira o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de envolvimento na morte de um político da oposição que autoridades dizem ter se suicidado quando estava sob custódia, mas cujo partido afirma que foi assassinado.
Fernando Albán foi preso em 5 de outubro por seu suposto envolvimento na explosão de dois drones durante um desfile militar em agosto comandado por Maduro, disseram autoridades venezuelanas.
Investigadores havia concluído que Albán cometeu suicídio na segunda-feira saltando de uma janela do décimo andar da sede da agência estatal de inteligência Sebin, disse o Procurador-Geral, Tarek Saab, nesta quarta-feira.
O partido de Albán, Primeiro Justiça, disse que o vereador de 56 anos, um católico devoto e homem de família, não poderia ter se suicidado e acusou as autoridades de acobertarem um assassinato. Na terça-feira a Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia e a embaixada dos Estados Unidos em Caracas pediram uma investigação independente.
A Casa Branca repudiou a morte de Albán e ressaltou que ele faleceu “sob custódia do serviço de inteligência da Venezuela”.
O comunicado também pediu a libertação de todos os presos políticos venezuelanos e que o governo Maduro adote medidas “para restabelecer a democracia na Venezuela e evite mais sofrimento e derramamento de sangue”.
“O governo Trump continuará a aumentar a pressão sobre o regime de Maduro e seus membros até que a democracia seja restaurada na Venezuela”, disse.
O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu a um pedido de comentário sobre o comunicado. Caracas tem negado que detém presos políticos e disse que aqueles que foram aprisionados tentam desestabilizar o governo.
Em uma coletiva de imprensa, Saab atacou os “feiticeiros da necrofilia” que, segundo ele, estão aproveitando a morte de Albán para criticar o governo Maduro, afirmando não haver indício de dano físico antes da queda.
Um dos advogados de Albán, Joel Garcia, disse aos repórteres que uma autópsia realizada no instituto médico legal nacional mostrou sinais de traumatismo grave no crânio, no peito e nos quadris. Garcia disse que Albán parecia “bem” quando o viu pela última vez no domingo.
Saab disse que testemunhas relataram aos investigadores que Albán se levantou repentinamente de uma mesa no décimo andar, onde almoçava, e pediu para ir ao banheiro. Depois ele correu até uma janela panorâmica em um corredor e se atirou, segundo Saab.
Albán foi preso ao voltar de uma viagem a Nova York, onde denunciou violações de direitos humanos na Venezuela na Assembleia Geral da ONU.