O “teólogo”, esquerdista, excomungado pela Igreja Católica e escritor Leonardo Boff também reagiu neste domingo 11 ao discurso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) a uma plateia de mil executivos do mercado financeiro em um evento promovido na semana passada.
De acordo com o colunista Lauro Jardim, do Globo, Bolsonaro sugeriu metralhar a comunidade da Rocinha, no Rio, como solução para acabar com a criminalidade no local. “Sinal dos tempos, foi aplaudido pelo público”, relatou o jornalista.
O deputado Bolsonaro esclareceu que, ao mencionar a Rocinha no evento, se referiu exclusivamente à guerra travada entre traficantes, em setembro do ano passado, quando 200 marginais fugiram pela mata no alto da comunidade e se espalharam e se refugiaram em outras favelas na zona norte do Rio, levando pânico e terror à população carioca. A fuga foi acompanhada por helicópteros da polícia e de emissoras de TV, sem que os policiais os tivessem detido, pois o Estado não os permite agir, pela falta de retaguarda jurídica.
Ao falar daquele episódio específico da Rocinha, uma vez que os marginais estavam claramente afastados da comunidade e, portanto, passíveis de sofrer efetiva ação policial para prisão, sem o risco de ferir os cidadãos de bem que moravam no local, o deputado tomou tal exemplo para se manifestar, no sentido de ser favorável a ações efetivas por parte do Estado, inclusive atirando em casos de confronto ou não rendição.
O deputado lembra que, em episódio bastante similar, o Brasil também assistiu, estarrecido, à fuga em massa de traficantes armados da Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão em novembro de 2010. O deputado afirma que tais episódios não voltarão a ocorrer caso seja eleito este ano.
O alvo da crítica de Boff foi justamente o público que aplaudiu a ideia de Bolsonaro. Para ele, a reação dos mais de mil empresários “mostra o nível de consciência no mínimo fascistoide de nossas elites do atraso”.
“Segundo Belluzzo nem são elites. São apenas ricos, riquíssimos. Não gostam de democracia, mas de golpes e de ditaduras”, completou o excomungado, em postagem no Twitter.