Em Fórum Estadão realizado nesta terça-feira (27) em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que faltam mais lideranças do que ideias na política atualmente: “no plano Real, juntei quem entendia. O mais importante é explicar o que vai ser feito”, afirmou.
FHC ainda apontou que um candidato que defenda somente as bandeiras do mercado perderá as eleições para presidente. “O Pais não é composto de mercado só. Quem for o candidato de mercado vai perder (as eleições)”, disse ele.
O ex-presidente tucano ainda fez defesa da candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). De o acordo com ele, o governador pode reunir condições para se tornar um líder estadista, mas que ele terá de encontrar “a mensagem” para passar ao eleitorado. “A incerteza é tanta que um pouco de certeza pode ser positivo’, diz FHC sobre o colega de partido. “O Brasil precisa de reconstruir a confiança, quer segurança, emprego e renda. O País precisa de coisas simples.”
Ele ainda negou que tenha lançado candidatos “outsiders”: “[falam que] eu lancei 4 candidatos – [Luciano] Huck, Flávio Rocha, o Pedro Parente e tem um quarto… Nunca propus o Parente para presidente. O Rocha eu não conheço, não lancei ninguém. O Huck é meu amigo, sou amigo da mãe, do padrasto, da mulher. Mas o que está acontecendo? As pessoas querem algo novo”.
Ao ser questionado sobre os outros pré-candidatos à presidência, FHC afirmou: “[Jair] Bolsonaro simboliza o autoritarismo que cresce em função da violência. Ele aparece como força que quer ordem, mas não tem pensamento liberal, não sei se até tem pensamento”. Segundo ele, há duvidas de que um candidato “reacionário” como o deputado encontre quantidade de votos suficientes para ser eleito.
Ao falar de Ciro Gomes (PDT), ele apontou que o ex-ministro demonstra não ter rumo definido ao ter mudado constantemente de partido nos últimos anos. Segundo FHC, Ciro cresceu sendo iconoclasta e é muito “instável” do ponto de vista político.
Ele ainda defendeu que ex-presidentes não participem de novas eleições no País. Ao falar sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta reverter condenação em segunda instância e estar no pleito, o tucano repetiu que gostaria de ver o petista “derrotado” nas eleições.
“Não é saudável que um antigo presidente queira voltar a ser presidente”, disse. Para ele, ou se estabelece um mandato presidencial de seis anos ou se permite a reeleição. “Em quatro anos não se faz nada de duradouro.” Declarando que nunca capitaneou nenhum tentativa de voltar ao poder, ele afirmou que um presidente tem o direito de buscar reeleição e “não mais” mandatos depois disso, como normalmente ocorre nos Estados Unidos.