Quase um mês após renunciar a seu cargo político e deixar o país alegando sofrer ameaças, Jean Wyllys iniciou um giro pelo exterior dando palestras sobre a situação política nacional. Além de Portugal, o ex-deputado já falou na Alemanha e diz ter sido convidado a falar na França, Suécia e Canadá.
Em uma de suas palestras, Jean Wyllys foi alvo de ovada em universidade de Portugal, segundo o ex-deputado, as pessoas que atiraram os ovos “são compostas por esse ódio que não permite a diversidade”. “É um ovo, mas, se tivesse uma arma, era um tiro. Começa dessa forma e terminam executando as pessoas nas ruas. Por isso, é importante o repúdio de todas as instituições”, disse. (Quem cospe nas outras pessoas é o que Jean Wyllys?).
Durante a palestra, com o tema “Discursos de ódio e fake news da extrema-direita e seus impactos nos modos de vida de minorias sexuais, étnicas e religiosas – o caso do Brasil”, Jean Wyllys destacou que Bolsonaro explorou os medos e preconceitos das pessoas para vencer a eleição, o que também leva aos ataques que ele tem sofrido.
Wyllys voltou a destacar que deixou o Brasil por se sentir ameaçado, agora reforçando o papel das notícias falsas, tema que pretende estudar durante sua temporada na Alemanha. “Sofria agressões diárias durante a atividade parlamentar de pessoas que acreditavam nas mentiras que recebiam pelo WhatsApp, especialmente associando minha homossexualidade a pedofilia.
“O sistema decidiu que precisava me eliminar. Se não pela destruição da minha reputação, da minha imagem pública, através da morte real, com um assassinato encomendado”, de acordo com ele, como ocorreu com a vereadora Marielle Franco (PSOL).
Como noticiou a Folha de S. Paulo, o ex-deputado fez duras críticas ao atual governo Jair Bolsonaro, que, para ele, é formado por “incompetentes e mentirosos” e que será derrubado pelas investigações do assassinato de Marielle. “A Marielle é que vai derrubar esta canalha. Será a memória dela e será a revelação de que há relações profundas entre quem hoje ocupa a Presidência [do Brasil] e o assassinato dessa mulher que tinha muito para dar à humanidade”, disse. (Com essas palavras, Jean Wyllys deixou bem claro que por sua ótica, que quem mandou matar Marielle Franco foi Jair Bolsonaro.)
Na rua principal da faculdade aconteceram manifestações contra e a favor da presença do ex-deputado em Portugal.
Esta matéria foi publicada originalmente na Folha de S.Paulo.