Expandida há menos de um ano, a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo mudou de comando e será chefiada pela procuradora Thaméa Danelon, coordenadora do núcleo paulista de combate à corrupção do Ministério Público Federal.
Ela substitui Thiago Lacerda Nobre, que acumulava o cargo de procurador-chefe do Ministério Público com a coordenadoria da Lava Jato. Como o posto é rotativo, a saída dele já era prevista.
Com maior exposição em entrevistas e nas redes sociais que os colegas de força-tarefa, Thaméa é conhecida por fazer aguerrida defesa da operação desde que ela estava concentrada em Curitiba.
Em São Paulo, tomou a frente da campanha pela aprovação do pacote de dez medidas contra a corrupção. No entanto, ficou insatisfeita com as mudanças feitas pelo Congresso durante a tramitação da proposta.
Os posicionamentos já renderam a ela o apelido de “a Deltan Dallagnol de São Paulo”, em referência ao coordenador da Lava Jato no Paraná -cujas publicações são frequentemente compartilhadas pela procuradora nas redes sociais.
Uma das operações em que ela foi a porta-voz do MPF é a Boca Livre, que investigou suspeitas de fraudes na Lei Rouanet. A denúncia contra os alvos, no entanto, foi oferecida por outra procuradora, Karen Kahn.
Nos últimos meses, Thaméa se dedicou nas redes sociais a pedir que os eleitores não votassem em candidatos investigados por denúncias de corrupção.
Quando Jair Bolsonaro foi eleito à Presidência, cumprimentou a ele e ao futuro ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni no Twitter e disse rogar “que o presidente se empenhe na aprovação das #10medidascontraacorrupcao conforme dito em campanha”.
Thaméa também passou a ser uma defensora da indicação de Sergio Moro ao Ministério da Justiça. Disse que o juiz irá engrandecer a pasta.
Santista, é procuradora da República desde 1999 e fez mestrado especializado em crimes financeiros. Sua dissertação foi orientada por Alexandre de Moraes, atual ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo tem 11 procuradores, quatro deles exclusivos para os casos da operação.
Essa formação foi consolidada em fevereiro -antes, eram apenas três membros.
Até o momento, as denúncias do grupo se concentraram em suspeitas de desvios e cartel na obra do Rodoanel, em gestões do PSDB em São Paulo.
Embora Thiago Nobre tenha deixado a coordenação, ele continua como integrante da Lava Jato, mas divide o trabalho com a chefia do MPF paulista e com outros casos, como a Operação Tritão, que investiga suspeitas de desvios no Porto de Santos.
Nos últimos meses, se concentrou em criar mais estrutura interna à força-tarefa, como remanejar funcionários para ajudar no trabalho dos procuradores. Sete servidores devem ingressar nos próximos dias.
Com informações da Folhapress.