O governo ditador da Venezuela anunciou nesta sexta-feira (30/11) que ocupou 21 matadouros em todo o país por um período de 180 dias.
Caracas afirmou que a medida tem como objetivo evitar o contrabando de gado e peças de carne e garantir a distribuição correta da mercadoria.
“Ocupamos temporariamente, por 180 dias, os matadouros que estão violando a política de preços controlados”, disse o vice-presidente da área econômica da Venezuela, Tareck El Aissami, em pronunciamento transmitido pela emissora de televisão estatal VTV.
Aissami afirmou que a medida visa “proibir o desvio dos produtos e resistir ao contrabando de extração da carne”, além de garantir os preços que o governo estabeleceu no programa de recuperação econômica lançado por Maduro há pouco mais de três meses.
O governo pretende também promover a inclusão da carne ao programa de venda de alimentos subsidiados.
O vice-presidente destacou que a ocupação não afetará a estabilidade dos trabalhadores desses matadouros e disse que solicitou uma investigação sobre esses estabelecimentos.
“Não vamos permitir que esse padrão ladrão, que pretendeu roubar o povo, siga fazendo das suas”, acrescentou.
A arte de viver na Venezuela
Aissami disse ainda que os donos dos matadouros “iniciaram, de alguma maneira, um boicote” após o congelamento dos preços em agosto, o que causou a escassez no setor.
Ele afirmou também que a ocupação não afetará a venda em mercados internacionais de subprodutos do gado, como couro e colágeno.
A Venezuela atravessa uma severa crise econômica que se expressa em escassez de alimentos e medicamentos, além de hiperinflação, um indicador que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que fechará em 2.500.000% em 2018 no país.
Para amenizar a crise, Maduro aprovou no final de agosto um pacote de medidas que incluem o congelamento de preços de 25 produtos, cujo fornecimento é irregular em todo o país.
A grave crise econômica que afeta a Venezuela provocou um êxodo de centenas de milhares de venezuelanos. A ONU estima que 3 milhões já deixaram o país desde 2015. A maioria foi para a Colômbia e Peru.
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Quem permanece no país enfrenta muitas dificuldades. Até 90% da população vive na pobreza e os venezuelanos perderam, em média, 11 quilos no ano passado, devido à falta de comida.
Os hospitais não têm água e falta remédio para salvar pacientes com doenças crônicas.
Com uma economia dependente do petróleo, a Venezuela sofreu com a queda global do preço deste recurso, que se somou a má gestão financeira e política.