O ex-presidente dos Estados Unidos George Herbert Walker Bush morreu nesta sexta-feira (30/11), aos 94 anos, comunicou seu filho e também ex-presidente George W. Bush.
“Jeb, Neil, Marvin, Doro e eu anunciamos com tristeza que, depois de 94 anos extraordinários, nosso querido pai morreu”, afirmou George W. Bush. “Bush pai”, como era conhecido, morreu oito meses depois da esposa, a ex-primeira-dama Barbara Bush, com quem esteve casado por 73 anos.
Na Alemanha, ele ficará na lembrança pelo papel crucial que desempenhou na reunificação do país, em 1990. Bush foi bem-sucedido em eliminar os temores do então líder soviético, Mikhail Gorbatchov, diante de uma Alemanha reunificada.
O resultado foi o Tratado Dois-mais-Quatro, assinado em 1990 pelas duas Alemanhas e as potências que venceram a Segunda Guerra Mundial: o Reino Unido, a França, os Estados Unidos e a União Soviética. O tratado abriu caminho para a reunificação da Alemanha e a filiação do país reunificado à Otan.
“Para nós, alemães, foi um lance de sorte tê-lo como presidente americano”, afirmou mais tarde o então chanceler federal alemão, Helmut Kohl.
Após o anúncio do falecimento, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou a “liderança inabalável” do ex-presidente. “Através de sua autenticidade, do seu espírito e compromisso inabalável com a fé, a família e o seu país, o presidente Bush inspirou gerações de cidadãos americanos”, afirmou Trump por meio de um comunicado divulgado a partir de Buenos Aires, onde participa da cúpula do G20.
George H.W. Bush foi piloto durante a Segunda Guerra Mundial, congressista, embaixador na ONU, diretor da CIA, vice-presidente do também republicano Ronald Reagan entre 1981 e 1989. Como presidente, de 1989 a 1993, ele pôs fim a uma carreira política de quatro décadas.
Da Casa Branca, Bush comandou os EUA durante o fim da Guerra Fria, a primeira Guerra do Golfo e a invasão do Panamá enquanto a União Soviética se dissolvia e a Alemanha se reunificava.
Os triunfos diplomáticos e bélicos não lhe bastaram para conseguir a reeleição e, em 1993, ele entregou as chaves da Casa Branca ao democrata Bill Clinton e se retirou para sua casa em Houston, no Texas, junto à esposa. Acabou entrando para a história como um presidente de um só mandato, ao qual a popularidade pela Guerra do Golfo não foi suficiente para fazer frente aos problemas da economia.
Nos últimos anos, passou a ser lembrado como um republicano moderado, que soube ganhar o respeito de ambos os partidos apesar de ter governado apenas quatro anos.
Em 1991, ele assinou com Gorbatchov o Tratado de Redução de Armas Estratégicas para limitar o número de mísseis nucleares. No entanto, foi sua liderança na Guerra do Golfo (1990-1991), alcançando a saída do Iraque do Kuwait com um número mínimo de vítimas americanas, que lhe transformou no presidente mais popular do país até então, com 89% de aprovação.
Bush organizou uma coalizão militar de mais de 30 países contra a invasão do ditador iraquiano, Saddam Hussein, no Kuwait, em agosto de 1990, e conseguiu a libertação do pequeno país petroleiro com cinco semanas de ofensiva aérea e 100 horas de combate terrestre.
Outra das suas grandes operações no exterior foi a invasão do Panamá em dezembro de 1989, com a captura do ditador Manuel Antonio Noriega, requerido pela Justiça dos Estados Unidos por narcotráfico.
A popularidade que conquistou entre os americanos com suas vitórias na política externa ficou minada pela recessão econômica, que lhe obrigou a romper sua grande promessa eleitoral de não aumentar os impostos.
Bush sofria um tipo de Parkinson que lhe impedia de caminhar e o deixou numa cadeira de rodas nos seus últimos anos de vida, nos quais suas entradas e saídas do hospital foram constantes, principalmente por problemas respiratórios.
Em 2016, nem Bush pai nem Bush filho apoiaram o candidato republicano e agora presidente, Donald Trump, e, segundo algumas informações, ambos votaram na democrata Hillary Clinton. Ambos criticaram abertamente Trump, que não compareceu ao funeral de Barbara Bush em abril.