Escritor venezuelano Alberto Barrera Tyszka alerta que Maduro está disposto a resistir para não ter que ceder e submeter-se a eleições livres.
Biógrafo de Hugo Chávez, o escritor venezuelano Alberto Barrera Tyszka é também um crítico do regime que perpetrou na Venezuela e agora enfrenta seu momento de maior agonia, sob o comando de Nicolás Maduro. Aos 59 anos, radicado desde 2014 no México, ele ainda escreve roteiros para TV, produz colunas para a versão em espanhol do “New York Times” e para o site independente “Efecto Cocuyo”. A Venezuela atua sempre como pano de fundo.
Dez anos depois de publicar a biografia “Hugo Chávez sem uniforme”, com a jornalista Cristina Marcano, Barrera Tyszka lançou, em 2015, o romance “Pátria ou morte”, retratando o país que acompanhou, em suspenso, a doença que acabou matando o então presidente.
De crise em crise, a Venezuela chegou à realidade atual de catástrofe, comandada por Nicolás Maduro, presidente não legitimado por 60 países, que, por sua vez, apoiam o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó. Nesta entrevista ao G1, o premiado escritor descreve o regime como “uma loucura com armas” e adverte sobre o perigo de a crise tornar-se rotineira e a oposição desgastar-se e cair no vazio, como deseja Maduro.
Há dez semanas a Venezuela tem dois presidentes. Como o senhor acredita que terminará este embate entre Maduro e Guaidó?
Alberto Barrera Tyszka – É muito difícil prever qualquer resultado neste momento. Maduro e o oficialismo parecem dispostos a resistir, independentemente de quaisquer consequências. Sua aposta é a de que a crise se torne um hábito, que a oposição se desgaste, que a Venezuela seja extinta como notícia. Guaidó, por outro lado, tem um grande apoio internacional, mas não conta com apoio militar nem com a mídia. Aparentemente, não há negociação acontecendo… Agora, a política parece parada, parou nesse ponto, enquanto a economia está avançando a cada dia mais rapidamente na tragédia.
O que ainda mantém Maduro no comando, na sua opinião?
Alberto Barrera Tyszka – Maduro só se sustenta graças à violência, a violência do Estado, a violência institucional, e também graças à violência paramilitar. Maduro é sustentado graças ao seu espírito antidemocrático, à certeza de que a Revolução deve ser eterna. É uma loucura com armas. Ele está disposto a fazer qualquer coisa para evitar ceder e submeter-se a eleições livres e justas.