Cansados da “ditadura de Nicolás Maduro ”, três militares venezuelanos que desertaram no fim de semana e fugiram para o Brasil disseram acreditar que outros companheiros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) deverão abandonar seus postos em breve e pedir refúgio.
Os sargentos Jorge Luis González Romero e Jean Carlos Cesar Parra revelaram que abandonaram seus postos na noite de sábado, depois de atravessarem uma trilha na selva para conseguirem acesso à cidade de Pacaraima, no lado brasileiro da fronteira.
Um terceiro desertor, o sargento Carlos Eduardo Zapata, disse que decidiu fugir para o Brasil neste domingo porque “estava cansado de ver seu povo sofrer”.
Os três se encontram na base do Exército brasileiro em Pacaraima e já deram entrada no pedido de refúgio ao governo brasileiro. Segundo os militares, as tropas venezuelanas estão exaustas e, apesar de receberem comida e não estarem passando fome, não aguentam mais as “atrocidades” do regime Maduro contra seu povo.
O número de membros das Forças Armadas da Venezuela que desertaram e buscaram refúgio na Colômbia subiu neste sábado (23) para mais de 60, confirmou o chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo.
“No dia de hoje chegaram desarmados a território colombiano mais de 60 militares, vários deles oficiais, que solicitaram refúgio na Colômbia, demonstrando a perda de confiança no regime usurpador de Maduro”, disse Trujillo em Cúcuta durante uma coletiva de imprensa.
“As deserções aconteceram nos departamentos de Norte de Santander e Arauca durante o dia de hoje”, explicou Trujillo.
Somente em Norte de Santander foram 53 os membros das Forças Armadas venezuelanas que desertaram, entre os quais se encontram membros da Guarda Nacional, da Marinha, da Polícia Nacional Bolivariana e das Forças Especiais.
— Já não podemos aceitar mais a ditadura de Nicolás Maduro. Nós cansamos disso. Estamos cientes da necessidade do povo da Venezuela. E estamos dispostos a ajudar os companheiros que estão do outro lado a vir para cá — disse Romero.
Segundo o sargento, ele e o colega decidiram desertar depois de concluir que o governo de Nicolás Maduro mais cedo ou mais tarde vai acabar.
— Realmente não queremos apoiar o que está acontecendo. Crianças passando fome e doentes, idosos enfermos. Como venezuelano me dá desespero. Sou patriota. Sou a favor da ajuda humanitária, queria que a ajuda tivesse entrado ontem (sábado) — afirmou, referindo-se à operação articulada pela oposição venezuelana com os governos dos Estados Unidos, da Colômbia e do Brasil para levar alimentos e insumos médicos à Venezuela.
O objetivo político da operação, que acabou fracassando no sábado, era levar os militares a abandonar a lealdade a Maduro e abrir a fronteira para os suprimentos levados pelos opositores.