Em reunião com Nicolás Maduro nesta terça-feira (5), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, repudiou “qualquer tentativa de mudar a situação política na Venezuela pelo uso da força”, além de ações de “clara natureza terrorista” contra o regime.
“Sabemos que a situação na Venezuela continua complicada. Apoiamos os esforços para conseguir o entendimento na sociedade e a normalização das relações com a oposição”, afirmou Putin.
Maduro agradeceu o apoio de Putin, e disse que a Venezuela enfrentou “várias ameaças e agressões”. Eles não detalharam quais seriam as ações terroristas mencionadas.
Em agosto, um discurso de Maduro foi interrompido por explosões de drones. O regime venezuelano falou em terrorismo acusou a oposição e nos Estados Unidos. Em resposta, o país norte-americano negou envolvimento e levantaram suspeitas sobre a autenticidade do ataque.
As declarações de Putin confrontam a visão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em setembro, o norte-americano chamou a situação venezuelana de “desastre” e admitiu ter opções “fortes e menos fortes” para solucionar a crise no regime Maduro. Um mês antes, Trump havia falado sobre a possibilidade de intervir militarmente na Venezuela.
Dias antes da visita a Putin, Maduro se encontrou com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan em Caracas para assinar acordos de cooperação. Os dois presidentes também adotaram uma postura de apoio mútuo na reunião.
Ambos os presidentes também conversaram sobre a situação econômica da Venezuela, onde a inflação deve chegar a oito dígitos em 2019. A ideia do encontro é fechar um acordo bilateral após, na avaliação de Putin, os dois países passarem por “tempos muitos difíceis com significante redução nos negócios mútuos”.
“Eu acho que encontramos o ponto que nos ajuda a sobreviver e então lançar um programa econômico completo e extensivo que coopere totalmente com as relações entre Rússia e Venezuela”, respondeu Maduro. Os detalhes do tratado ainda não foram divulgados pelos dois.
O país sul-americano vive uma crise humanitária decorrente da violenta crise política e do colapso econômico. O número de refugiados e migrantes que deixaram a Venezuela chega a 3 milhões em todo o mundo, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) no mês passado.
A ONU liberou, no fim de novembro, um fundo de emergência de US$ 9,2 milhões – cerca de R$ 35,5 milhões – para ajuda humanitária à Venezuela, a primeira assistência destinada ao país.