COLUNA: Muito além da triturada e do chilique

A discussão entre Paulo Figueiredo e Thaís Oyama no programa ‘’3 em 1’’ da Jovem Pan fez a alegria das redes socias – principalmente dos entusiastas do jornalista conservador. A maneira como ele trucidou intelectualmente a sua colega de programa foi bastante significativa. E o chilique corporativista dos iluminados da grande mídia também.

É justamente para isto que quero chamar a atenção: Paulo Figueiredo não expôs apenas o nível ginasiano de uma jornalista qualquer, mas a completa desconexão da classe jornalística da realidade. Seus comentários certeiros são mainstream para quem tem algum nível intelectual, mas para a turma progressista dos grandes veículos de comunicação, era o neto de um ditador falando coisas abomináveis – sim, seus integrantes realmente imputam supostos pecados do ex-presidente João Figueiredo em seu neto.

Até aproximadamente metade do século passado, o jornalismo era limitado a reportar fatos e constituía uma versão simplificada da ciência histórica. Graças ao ambiente intelectual muito mais livre e aberto, via-se uma diversidade ideológica formidável. No Brasil já foi assim: tinha-se um Gustavo Corção de um lado, e do outro um Otto Maria Carpeaux. O resultado era um jornalismo fiel à realidade e para todos os gostos do espectro político – além da sua qualidade inquestionável.

O que se tem por jornalismo hoje é justamente o contrário. Com a adoção das porcarias socioconstrutivistas e relativistas nos cursos de jornalismo das universidades, a verdade passou a ser um mero detalhe, pois transformar o mundo é mais importante que compreendê-lo – e noticiá-lo – do jeito que ele é. Além disso, a grande mídia a nível mundial está concentrada em seis ou sete grandes grupos, coisa jamais vista anteriormente. Isso tudo desagua no jornalismo padronizado ideologicamente em todos os canais e veículos de comunicação.

Some-se tudo isso ao fato de estarmos num Brasil altamente intoxicado de gramscismo. Desde os anos 1970 a esquerda tomou a mídia, as universidades e os espaços culturais para adestrar o povo para a revolução e chegar ao poder com a hegemonia já conquistada – caminho ensinado por Antonio Gramsci. A nossa esquerda, desnorteada com a derrota em 1964 e sem outra estratégia melhor em mente, optou pelo gramscismo entusiasticamente. E reinando absoluta desde então ela construiu o Brasil da Nova República – que mais parece o reino da estupidez.

Acostumada a falar sozinha, a esquerda não soube lidar com a ascensão de uma direita política nos meios que outrora ela dominava sem ser incomodada. Seu nível intelectual beirou ao ridículo, e na total incapacidade de fazer frente aos novos pensadores do outro lado, partiu para o velho expediente de eliminação do adversário do debate público mediante a colocação de algum rótulo desagradável. Só que, porca miseria, eles falam por milhões que queriam um novo país. Para os esquerdistas não passam de uma basket of deplorables. O povo quer algo que contraria o consenso dos iluminados? Então o povo está errado.

Assim funciona a cabeça das Thaís Oyamas do jornalismo brasileiro. E foi assim que ele próprio se transformou nessa coisa tão ruim apontada por Paulo Figueiredo.

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