Laços de universidades japonesas com escolas militares da China na área de pesquisa geram preocupação

Dezenas de universidades japonesas continuam a ter ligações na área de pesquisa com sete instituições de ensino superior com laços com o Exército de Libertação do Povo da China (PLA), informou o Kyodo News do Japão.

Quarenta e cinco (45) universidades japonesas, financiadas pelo Estado e privadas, tinham ligações conhecidas com a Universidade Beihang da China, a Universidade Politécnica do Noroeste em Xi’an, o Instituto de Tecnologia de Harbin e a Universidade de Engenharia de Harbin, entre outras instituições vinculadas ao PLA, disse o jornal japonês.

Embora algumas, incluindo o Instituto de Tecnologia de Chiba, tenham descontinuado a pesquisa conjunta com essas escolas superiores chinesas, a Universidade de Hokkaido e a Universidade de Osaka disseram que continuariam com a pesquisa conjunta com instituições alinhadas com o PLA nas áreas de nanotecnologia e nuclear, respectivamente, de acordo com o jornal.

As ligações em curso com as instituições ligadas ao PLA, algumas das quais estão sujeitas a proibições de exportação pelos EUA e outros países, levantam preocupações de que tecnologia sensível possa estar vazando do Japão para a China, disse o jornal, acrescentando que parte da pesquisa pode ser útil no desenvolvimento de armas de destruição em massa.

Segundo o Kyodo News, funcionários dos ministérios de Educação e Comércio do Japão disseram que eles deixam para as próprias universidades japonesas decidirem a respeito da gestão de suas relações com as sete escolas vinculadas ao PLA.

O professor da Universidade Nacional Shizuoka do Japão, Yang Haiying, disse que o intercâmbio de tecnologia de ponta entre universidades japonesas e chinesas vem acontecendo desde os anos 80.

“A Universidade Beihang é responsável pelo desenvolvimento dos satélites e mísseis [da China]”, disse Yang à RFA. “A Northwestern Polytechnical University controla e opera diretamente a base de lançamento do satélite Jiuquan e o local de teste nuclear de Lop Nur”.

“O Instituto de Tecnologia de Harbin é a universidade que fabrica mísseis Dongfeng”, disse ele.

“Todas as formas de tecnologia de alto desempenho requerem semicondutores, e não há um único item de tecnologia de ponta no Japão que não seja útil para os militares chineses”, acrescentou Yang. “Eles estão extremamente interessados ​​em colocar as mãos nessas tecnologias”.

O Professor Yang disse que a transferência de tecnologia do Japão para a China se acelerou desde que Xi Jinping assumiu o poder, em 2012.

“A integração militar-civil é uma prioridade máxima para Xi Jinping, que insistiu muito nessa política desde o momento em que assumiu o poder”, disse Yang. “Isso soou o alarme na comunidade internacional, porque a China costumava adquirir tecnologia [de outros países] de forma mais lenta e silenciosa.”

‘Interferência e capacidade de ataque’

Um think tank do Ministério da Defesa japonês alertou no início deste mês que o PLA quer usar tecnologias de ponta, como inteligência artificial (IA) desenvolvida pelo setor privado, para aumentar sua capacidade ofensiva no ciberespaço e no espaço sideral.

O Instituto Nacional de Estudos de Defesa do Japão disse em seu relatório anual sobre a estratégia de segurança da China: “O PLA aumentará suas capacidades de interferência e ataque para impedir o uso militar dos Estados Unidos dos domínios cibernético e espacial”.

O instituto relata que a China está aumentando seus investimentos em empresas de ciência e tecnologia do setor privado sob a estratégia do país de fundir avanços corporativos e militares por meio da nacionalização para que outros países não possam interferir, informou a Kyodo News.

O relatório revela que a crescente integração dos militares e do setor privado na China “fez os países ocidentais reconhecerem a necessidade de contramedidas ligando a economia e a segurança, e os levou a fortalecer as regulamentações de comércio e investimento”.

O Japão acionou caças a jato contra drones chineses no passado e enviou pequenas aeronaves semelhantes a drones para o espaço aéreo japonês ao redor das Ilhas Senkaku, no Mar da China Oriental, em maio de 2017 e abril de 2018, diz o relatório.

O relatório exorta o governo japonês a aumentar suas capacidades de defesa nos novos domínios, incluindo IA, ao mesmo tempo em que aprofunda sua aliança com os Estados Unidos e conduz um diálogo estratégico com a China por meio de estruturas bilaterais e multilaterais.

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