O direito ao feminino

Mulher e homem, masculino e feminino, representam a dualidade do universo.

No universo existe determinada hierarquia entre um polo e outro. Ou um é inferior, ou superior, ou são duas polaridades que são complementares e não opostas? O universo é harmonia por oposição. Portanto, um não é superior ou inferior ao outro, e sim complementarmente harmônico e necessário.

Se formos buscar em alguns significados Sociológicos, filosóficos, religiosos ou qualquer manifestação mística, encontraremos definições curiosas. Na Cabala, Kether (Luz Superior Imanifesta) manifestou de si mesmo Binah (feminino) e Hockmah (masculino). “O venerável espírito, o oculto dos ocultos, assumiu uma expressão, tudo criou em forma de macho e fêmea, visto que as coisas não poderiam ter prosseguido de qualquer outra maneira” — citação do Zohar. Não obstante, toda a criação é resultado da coniunctio de potencialidades.

Masculino e feminino não são idênticos, são perfeitamente complementares. Cada um tem sua característica própria. Quando se complementam de maneira perfeita geram vida, assim é na lei natural. Basta observar qualquer coisa na natureza para obter a comprovação desta lei.

Na natureza tudo tem um propósito, um ideal, e não diferiria com o ser humano. O masculino tem um ideal a realizar e o feminino tem também um ideal a realizar. Para alcançar esse ideal é necessário que o masculino viva a experiência de ser masculino e que o feminino viva a experiência de ser feminino, intensamente e se harmonize, dando movimento ao universo.

Mas afinal qual é o ideal feminino? Em nada tem a ver com lavar a louça ou limpar a casa, esses são afazeres temporais. Na época medieval existia o que era chamado de o ideal de uma dama. Não se trata do que você faz, e sim de como faz. De todo modo, qualquer coisa pode ser feita sem deixar de ser fiel a sua própria identidade.

Roma tinha muito bem divida sua estrutura, que garantia a sobrevivência da sociedade local. Existiam os soldados, os construtores e as damas que custodiavam o fogo, as vestais. Estas custodiavam o fogo de vesta, que tinha o seu fogo presente no templo dedicado no centro da cidade e no centro de cada casa. Quem guardava esse fogo? A Dama Vestal. Sua função era a de manter acesa a chama dos deuses lares, conservando um centro luminoso ao redor do qual tudo se construía. Essa chama era civilizadora. Ao perder essa chama (simbólica), ou seja, ao perder o centro, entramos numa mecanicidade da vida e tudo perde o sentido.

O feminino é uma polaridade relacional e conservadora que fixa o centro, consolida e dá vida à senhora do pequeno espaço, aquela que guarda a memória do porquê, aquela que guarda o sentido da ação e, por isso, era responsável pela educação.

Ambos podem fazer tudo, mas cada qual à sua maneira, igualdade de oportunidade com preservação de identidade. Algo feito pelo masculino tem uma tônica, algo feito pelo feminino tem outra tônica, ambos igualmente importantes. Algo que realmente seja eficiente precisa ter os dois aspectos, o requinte e o detalhe do feminino e o objetivo do masculino. Se colocarmos um homem e uma mulher para realizar uma mesma tarefa, se tiverem a sua identidade bem canalizada, eles não farão de maneira idêntica, a maneira como fazem se complementará. Sendo assim, formariam uma excelente equipe de trabalho, por exemplo.

Porém, hoje isso tornou-se inviável, pois ambos competem por um mesmo papel, por um mesmo ângulo. No fundo, o movimento feminista é machista, pois visa transformar a mulher em homem. Aquele que considera que para dar certo na vida é necessário se masculinizar e ver o mundo como um homem, esteja este em um corpo masculino ou feminino é, de todo modo, machista. Machismo, por definição, é o domínio dos atributos do macho.

Quando a mulher começa a considerar que tudo que é próprio do feminino é inferior, é ridículo e deve ser desprezado, ela é machista. Seu sucesso tem que ser avalizado por homens segundo valores masculinos, o que representa, no fundo, uma submissão, visto que é o homem quem possui a “correta medida”.

Na sociedade atual, os defeitos femininos são aceitos, mas as qualidades não. A instabilidade emocional é propagada em todas as telas, a tendência à crítica e todos os excessos do feminino são propagados e aceitos. Já as virtudes femininas são consideradas inferiores. Um machismo é exercido pela mulher sobre a própria mulher, visto que nesse critério a mulher só tem sucesso quando se comporta como um homem. Consideram apenas as virtudes masculinas como aceitas, já as femininas são debilidades.

No fundo, tudo isso tem por trás uma briga com a natureza. Uma guerra do homem contra a vida. Busca-se forçar a masculinização da mulher e feminização do homem a todo custo. E um alto custo! Querem que a mulher torne-se homem e o homem torne-se mulher. Para quê? Não seria mais fácil e lógico manter cada um sua identidade?

Essa luta contra a própria natureza leva o ser humano à perturbação psíquica. E toda essa arquitetada imposição, que visa gerar adultos frágeis, rasos e manipuláveis, inicia-se na mais tenra infância, período em que a personalidade está em pleno desenvolvimento. Isso é claro em nossa sociedade, visto ao crescente número de distúrbios mentais que assolam as pessoas.

Tudo isso leva o ser humano a um caminho de sofrimento e desgaste, afinal, a perda a identidade leva o ser humano ao caos. Quem não sabe quem é, não sabe para aonde vai e fica vagando em meio ao nada. Tudo isso visa a destruição da sociedade e o controle da mentes fragilizadas. O grande sonho dos autoritários: domínio das massas.

Nosso mundo vem perdendo o sentido, a vida e a beleza, ou seja, tornou-se vazio por conta do sufocamento que os atributos femininos sofrem já há algum tempo e vem se tornando um mundo cada vez mais debilitado e perigoso à manutenção da vida devido ao sufocamento dos atributos do masculino.

Mecânica, tecnocrática, materialista, sem respeito, frágil, sem coragem e débil é a nossa sociedade, que é resultado dessa engenharia social bem orquestrada. Em resumo, é uma luta das trevas contra a luz cujo objetivo é a aniquilação da vida.

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