O presidente Jair Bolsonaro entregou hoje (5) a Medalha da Vitória, do Ministério da Defesa, à comandante Marcia Andrade Braga, capitão de Corveta da Marinha do Brasil. Ela é membro da Missão de Paz das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) e, em março, recebeu o prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero da Organização das Nações Unidas (ONU), por seu trabalho realizado como assessora militar de gênero na missão.
“A missão tem uma série de situações complexas, ambiente hostil, não tem o conforto, tem a questão da segurança, distância da família. Mas o foco maior é desenvolver o trabalho, porque, estando ali, a gente sente a dificuldade que aquelas pessoas sentem. A ONU simboliza esperança e liberdade para as pessoas, então a gente se sente na obrigação de fazer algo”, disse a comandante Marcia.
A missão foi iniciada em abril de 2014 para proteger os civis da República Centro-Africana da violenta guerra civil no país. Atuando na missão de paz desde abril de 2018, a comandante Marcia ajudou a construir uma rede de assessores treinados para questões de gênero dentro das unidades militares.
Segundo Marcia, seu principal objetivo é a proteção civil e a prevenção de violações, usando a perspectiva de gênero para entender como o conflito afeta cada um dos grupos, principalmente mulheres e crianças, “que são o maior alvo das violações na República Centro-Africana”.
O trabalho desenvolvido ao longo do último ano buscou o engajamento com as comunidades locais. A interação facilita, por exemplo, denúncias de casos de violência e abuso sexual, à medida em que há maior abertura para o diálogo. Além de aumentar a presença da missão, as equipes ajudaram a desenvolver projetos que podem aumentar a segurança, como a instalação de bombas de água perto de vilarejos, sistemas de energia solar e o desenvolvimento de jardins comunitários.
“Se eu tenho mulheres que estão muito expostas, porque estão indo a plantações muito longe, algumas vezes 10 quilômetros, então, pensando que são pessoas deslocadas por causa do conflito, nós desenvolvemos hortas comunitárias perto das casas. É uma forma de diminuir essa exposição às violações”, explicou.
O trabalho da comandante na missão termina no final deste mês.
Brasil na ONu
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, agradeceu à comandante Marcia “pelo exemplo que inspira mulheres que lutam para construir suas vidas, “por fazer orgulhosos todos os brasileiros” e por “confirmar que a presença feminina nas Forças Armadas nos torna melhores”.
“O prêmio da ONU vai além do reconhecimento de um feito. Traduz a confiança de uma mulher, que se expôs a um ambiente hostil, fundamentada na crença de que poderia fazer”, ressaltou. “É uma importante conquista no caminho da valorização e da competência militar feminina.”
De acordo com o ministro, nos mais de 70 anos da ONU, cerca de 46 mil civis e militares brasileiros utilizaram o capacete azul, característico das missões de paz, em 41 das 71 operações de paz desdobradas sobre a bandeira da ONU. Em cinco delas, o Brasil liderou a missão: Egito, Moçambique, Angola, Timor Leste e Haiti.
Atualmente, o país exerce liderança militar no Congo e participa com 300 pessoas de 9 das 14 missões conduzidas pelo departamento de operações paz das Nações Unidas, seja com tropa ou observadores.
Cumprimentos
Também foram condecorados hoje, com a Medalha Militar de 50 anos de serviços prestados os ministros do Superior Tribunal Militar, o almirante de esquadra Carlos Augusto de Sousa e tenente brigadeiro do Ar Francisco Joselini Parente Camelo.
O presidente Jair Bolsonaro cumprimentou os novos oficiais generais das Forças Armadas promovidos recentemente. “A cada promoção vem um filme do passado, o que cada um dos senhores fez para que esse momento se tornasse realidade. Dias, anos de sacrifício, comprometimento, lealdade, patriotismo e vontade de cada vez mais servir a essa pátria maravilhosa chamada Brasil”, disse.
Bolsonaro citou ainda recente pesquisa da XP Investimentos que aponta que as Forças Armadas são a instituição com maior nível de confiança no país, com 66% de aprovação. “É sinal que estamos no caminho certo. O povo é quem tem que dizer para onde iremos e não o contrário”, disse. “As pesquisas demostram o trabalho de cada um dos senhores e obviamente os desafios que se apresentam. Nós [militares], juntamente com os civis, temos esse grande compromisso de colocar essa pátria maravilhoso no lugar de destaque que ela merece.”