Marcelo Vasconcelo – Olavo ainda tem razão: Um ano após sua partida

 

 

Há um ano morreu Olavo de Carvalho, o homem que pavimentou o campo de atuação de pessoas ligadas ao espectro da direita no Brasil em meios que antes não era possível, além de nortear e expandir o conhecimento de centenas de milhares de pessoas através dos seus cursos e bibliografias que antes ninguém tinha acesso, aqui no país da “demogracinha”.

Escrevi certa vez que Olavo de Carvalho deixou um legado na forma de entender e falar sobre política, por isso, o considero o maior expoente de todos os tempos em filosofia política. Um ano após sua partida, cá estamos nós ainda repercutindo o fatídico oito de janeiro de 2023, cuja ação violenta já houvera sido atribuída a ele há dois anos quando ainda era vivo.

Na oportunidade, a entrevistadora da BBC News Brasil, Mariana Sanches, indaga se um certo “movimento” que pretendia invadir prédios do poder judiciário e parlamento que dizia se inspirar nele (Olavo) tinha seu consentimento. A resposta do velho filósofo foi que não. Disse que não poderia opinar sobre estratégias de ação política daquela ordem, pois estava fora do Brasil a mais de 15 anos e que isso seria tarefa pra quem tava no Brasil.

Acho importante trazer esse fato porque se ele estivesse vivo, certamente estaria sendo acusado de fomentar os atos de vandalismo (e não de terrorismo) ocorridos em Brasília. As lições que aprendi com Olavo de Carvalho foram importantes e essenciais pro meu amadurecimento como crítico de política. Uma dessas lições foi de não desistir de falar sobre aquilo que achamos certo e necessário, pois se não fosse uma lição importante ele não teria insistido por tantos anos na denúncia sobre o foro de São Paulo.

Aquilo que a imprensa maciçamente inescrupulosa negava e tripudiava, na época, Olavo de Carvalho provou, depois de décadas, que era verdade, o foro de São Paulo não só existia como estava em pleno exercício.

Seus discursos pessoais em redes antissociais eram – quase sempre –adornados  por palavrões e escárnio em relação aos seus ofensores, por mais reprováveis que pudessem parecer, era apenas uma reação legítima, em muitos casos, diante de ataques e difamações sofridos por décadas.

Uma das mais valiosas lições que aprendi foi usar as mesmas artimanhas usadas por seu oponente, do contrário, seremos vencidos por supervalorizar nossos princípios morais e éticos (o que podem nos frear em certas ações) enquanto os oponentes, sabendo disso, jogam sujo sem qualquer pudor. Chamo de pedagogia da ofensa seu método de reação a pessoas inescrupulosas contra as quais deveríamos agir tratando-as como tais, sob pena de agirmos como compadrios coniventes.

Assim, se um político se torna milionário na vida pública às custas de desvios de verbas, corrupção ou lavagem de dinheiro, por exemplo, não deveríamos tratá-lo com “senhor”, “vossa senhoria” ou qualquer outro termo com poder de distinção, mas, de outro modo, chamá-lo pelo termo que o distingue das pessoas honestas com a coisa pública.

Segundo Olavo de Carvalho, a podridão da corrupção que assola o Brasil tem o importante fator de apoio moral por parte de todo aparato cuja atuação zela pela manutenção do “sistema”. Este apoio moral decorre do tratamento distinto, quase honroso, que certos veículos de imprensa, políticos, artistas e pessoas influentes dão aos canalhas que dilapidam o patrimônio público.

Segundo a pedagogia da ofensa, expressão que eu uso para falar dessa postura lecionada por ele, ao menos ser chamado pelo termo que tanto se esforçaram para conquistar nos atos criminosos que praticaram, seria uma forma até de reconhecimento do trabalho desses vermes que decompõem os recursos do povo brasileiro.

Deveríamos chamar essas pessoas pelo termo que mais se adequa a eles, não por que gostaríamos de ofendê-los, mas porque eles próprios se esforçaram pra conquistar tais status por seus atos. Lembramos que essas pessoas – em grande parte das vezes – ocupam lugar no serviço público, portanto, como também leciona um dos componentes do STF, ao afirmar que quem não quisesse ser criticado não ocupasse cargo público e ficasse em casa, podemos ao menos chamá-los daqueles termos que conquistaram com tanta torpeza.

Mas, um aviso deve ser dado a tempo, como diz Bárbara, do canal Te Atualizei (aliás que tá sendo perseguida há tempos) não nos esqueçamos que vivemos sob um Regime de “democracia”, logo, tenham cuidado e sutileza e moderação ao tentar usar qualquer ensinamento da pedagogia da ofensa. Em “democracias” assim, como a nossa atual, criticar como cidadão ou jornalista pode terminar em cadeia e perseguição.

Sim, ele sempre teve razão!

Olavo! Presente!

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