Olavo de Carvalho deixou um importante legado à direita política e ideológica. Durante muitos anos de sua vida ele dedicou tempo e estudos pra compreender os mais pérfidos mecanismos de atuação e constituição da esquerda, seja no âmbito partidário, seja no campo cultural.
Muito embora ele tenha sido, por muitas vezes, tão enérgico e grosseiro com seus desafetos, não podemos deixar de reconhecer sua importância como pensador e estudioso do processo político do Brasil. O alerta feito por ele, há muito tempo, despertou muitas pessoas para o que estava ocorrendo no nosso ambiente de país. Desde a denúncia em relação ao domínio massivo da esquerda radical em universidades até o predomínio em redações de jornais.
Sua voz começou a ser ouvida de forma desapercebida, como uma corrente de água que desliza suavemente pelas curvas de um rio, sem volta, sem medo e com propósito de chegar ao mar de gente que ainda não o conhecia.
Foi assim que sua voz foi paulatinamente difundida e apreciada por uma parcela significativa da população brasileira, cuja ânsia em aprender sobre o que era a direita e esquerda e tudo que gravitava em torno de ambas foi suprida por sua elocução forte e persuasiva. Olavo de Carvalho não conseguia se desvencilhar de suas mágoas do passado, constantemente relembrava o quanto havia sido ofendido e prejudicado por pessoas que discordavam de suas posições políticas.
Vez ou outra, descontrolava-se com algo que o aborrecia e logo, como era de se esperar dele, metia-se a elaborar insultos e chacotas com aqueles que o desprezavam e o ofendiam de igual forma. Chegou a discorrer sobre uma linha de raciocínio segundo a qual não se podia ter respeito com quem era desonesto, sob pena de incorrer numa espécie de respaldo ao sujeito vil. A isso, dei a alcunha de Pedagogia da Ofensa, pois me pareceu um filamento de raciocínio muito bem pensado e, de certa forma, com muito sentido.
Deixou uma vasta obra intelectual publicada e uma gama de material pra ser postumamente apresentada ao público que o admira, notadamente por meio de suas aulas de filosofia que possivelmente serão redigidas e transformadas em bibliografia pra direita brasileira tornar-se mais capaz, mais hábil e mais forte. Talvez nenhuma figura fora do mundo político partidário ou artístico tenha sido mais atacada quanto ele, pois decidiu dedicar sua vida a guerrear contra o autoritarismo e intolerância de radicais da esquerda e denunciá-los publicamente.
Particularmente, devo muito de minha formação de entendimento político e ideológico a ele, através do qual ampliei meus horizontes e minha forma de perceber a marcha, a grande marcha da vaca em direção ao brejo que caminha, não só o Brasil, mas o Ocidente de uma maneira geral. Dentre seus ensinamentos mais preciosos, recordo-me de uma lição que passou, quando eu assistia a um de seus vídeos sobre o enfrentamento ao radicalismo identitário. Dizia ele que deveríamos usar dos mesmos expedientes vernaculares que os extremistas, pois estes, ao usarem de ofensas de forma gratuita, imaginam-se detentores de tal direito de ofender. Acham que têm o monopólio da ofensa gratuita!
Assim, deveríamos lançar mão dos mesmos artifícios pra enfrentá-los no debate público, pois diante de tal iniciativa, os radicais se veem injustiçados e logo perdem o controle da situação. Ao perder o domínio da ofensa gratuita, os raivosos ofensores se desestabilizam, uma vez que sua consciência não consegue, num primeiro momento, compreender que o ofendido possa usar dos mesmos ardis artifícios contra eles.
Posso assegurar a todos que estão lendo este texto que isso não só pode dar certo, como na prática já vi surtir efeitos exatamente como Olavo nos ensinou. Muitos militantes extremistas não sabem lhe dar com o fato de serem xingados pelos mesmos impropérios que costumam xingar os outros, fazendo-os ficar, em algumas situações, desconcertados e sem argumentos, já que aquilo que fazia as vezes do argumento era justamente a ofensa gratuita.
Olavo reinventou nossa geração no que concerne o entendimento do jogo político, passamos a conhecer o real objetivo da escola de Frankfurt, através dos seus principais membros como Max Horkheimer, Friedrich Pollock, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Jurgen Habermas. Tivemos conhecimento sobre a vida e principais pensamentos de Antônio Gramsci. Também passamos a conhecer o projeto de revolução sexual de Wilhelm Reich. Isso tudo sem mencionar o grande triunfo de Olavo ao denunciar o Foro de São Paulo, cuja negação canalha era comum ainda nos anos 90, tanto pela grande mídia quanto pelos calhordas políticos.
Enfim, o legado de Olavo de Carvalho é o alicerce sobre o qual muitas pessoas irão construir forte resistência ao progressismo radical e combate valente à esquerda comunista.