Nesses últimos dias, foi divulgada uma entrevista feita por Bial com Jean Wyllys, em Berlim, Alemanha. Lá, Jean se fez de perseguido político e estabelece sua moradia, não em Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte, países alinhados à esquerda política partidária que ele faz parte. Vou analisar e externar minhas impressões e possíveis contradições da fala do ex-deputado.
Vou dividir essa análise em partes, publicadas separadamente, para que os textos não fiquem tão extensos.
A entrevista mostra em diversos pontos empreitadas evasivas do ex-deputado do PSOL, justificativas, projeções de probabilidade e até histórias de medo, o que de certa forma é justo. A análise que faço dessa entrevista não se resume ao conteúdo expresso verbal, procurei fazer algumas leituras para além.
Neste sentido, ao notar sua expressão facial, sua entonação vocal e gestos, não noto que aparentem estar tentando ludibriar o público ou o entrevistador, parecem reais suas impressões sobre o que fala, pelo menos diante de alguns assuntos, mas não de todos.
Ao ser indagado sobre seu doutorado, afirma que irá aproveitar suas experiências como parlamentar, em que vira as mídias sociais emergirem como ferramentas de transparência e se tornarem instrumentos de propagação de fake news. Aqui, Jean comete seu primeiro grande vacilo analítico, ora em que afirma que tais manobras de notícias falsas teriam colocado em xeque a autoridade da imprensa tradicional.
Ora! Quando uma repórter da Folha de S. Paulo publica uma reportagem extremamente tendenciosa afirmando, nas entrelinhas, que Bolsonaro tinha envolvimento com envios massivos de mensagens contra o PT, nas eleições presidenciais, não houve prova nenhuma. A reportagem dizia que havia crime contra a lei eleitoral, tentando, é claro, derrubar a candidatura do então presidenciável Bolsonaro.
É só um exemplo clássico de que Jean nega a realidade ao afirmar que as fake news enfraqueceram a “autoridade da imprensa tradicional”. Que autoridade ele se refere? A de rotular quem quer e manejar as massas pra onde bem imaginarem?
A própria imprensa cavou sua cova, nunca imaginou que o povo iria se rebelar contra essa suposta “autoridade” a qual teve grande credibilidade por décadas. Noutro ponto, ele afirma que os neopentecostais são seus inimigos e que alguns eram declarados.
Eleger os neopentecostais como inimigos é uma tática clássica da militância LGBT, ora, se os cristãos adoram a Deus e creem nos ditames bíblicos em detrimento do que os ativistas querem, é claro que esses serão seus inimigos!
Querer revogar trechos da bíblia ou proibir sua crença por ser contra o discurso político criado a pouco tempo (se comparado com um texto de mais de dois mil anos, como a bíblia) é querer submeter um país predominantemente cristão a uma narrativa progressista incomodada com um segmento de fé milenar.
Mas, Jean foi mais além, conseguiu ter coragem para afirmar que Bolsonaro o usou de escada para conseguir se eleger, na sua visão totalmente desnorteada da realidade, afirma que foi laboratório, que seu inimigo público o usou para conseguir notoriedade, ao que chama de deputado do baixo clero.
Não merece razão, sua empreitada.
Contudo, ao falar sobre como sua imagem ficou tão desgastada, o próprio Bial o indaga sobre o que teria havido com o mesmo país que o elegera vencedor do BBB, em 2005, com mais de 50 milhões de votos e, nas últimas eleições, o desprestigiou tanto em 2018.
A isso, responde que naquele momento (2005) o país vivia uma época de prosperidade econômica, as pessoas tinham autoestima, mentes abertas, propensos ao diferente! Por isso teve tanto prestígio. Mas, por esse raciocínio, o que chamam de homofobia seria gerado pela falta de empregos ou por ter baixa estima? A situação econômica ruim do país é fator determinante para que as pessoas se tornem homofóbicas?
Confusa e sem nexo com a realidade, essa empreitada interpretativa.
Porém, afirma com certo brio que a repulsa que provocou nas pessoas teria relação com o fato de se aliar a um partido politico como o PSOL, de votar certos projetos de leis ou defender questões sensíveis ao grande público. Aqui, parece-me que fez uma boa análise do contexto, pois foi isso mesmo que ocorreu.
Assim, dou por encerrada essa primeira análise da entrevista do Jean ao Bial, na próxima publicação, continuarei.
Continua…